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Por Redação Rádio Pampa | 14 de maio de 2023
Existe um momento no trajeto de balsa da South Street, em Manhattan, até Governors Island em que o horizonte atrás de nós é o que mais chama a atenção, com seus arranha-céus de vidro, aço e concreto pairando sobre o porto com cor de ardósia.
Faltam oito minutos para chegar ao destino. Governors Island (“ilha dos governadores”, em português) tem cerca de 70 hectares e fica a apenas 730 metros de distância da maior metrópole dos Estados Unidos – Nova York. Mas a grande cidade simplesmente desaparece da mente do visitante.
Um forte de arenito vermelho do século 19 e um restaurante de frutos do mar dão as boas-vindas aos recém-chegados. Eles relembram o passado da ilha como bastião militar e mostram sua função atual, de área de recreação urbana.
Governors Island era o lar do povo nativo americano Lenape, que deu à ilha o nome Paggank – Ilha das Nozes –, devido à grande quantidade de nogueiras e carvalhos existentes no local.
Cem anos depois, chegaram os holandeses, que estabeleceram na ilha o primeiro assentamento da sua colônia chamada Nova Amsterdã. Foi assim que a ilha, agora desabitada, foi o local de nascimento da cidade de Nova York.
Tecnicamente, Governors Island faz parte de Manhattan. Mas hoje ela talvez seja o segredo mais bem guardado de Nova York.
A frondosa ilha abriga 11 km de ciclovias; uma fazenda urbana de 4 mil metros quadrados; extensos gramados e jardins; escorregadores com a altura de um prédio de três andares; plantações de abóbora; uma pista de patinação no gelo; e todo tipo de locais de piquenique, playgrounds e exposições de arte.
E, agora, a ilha também é pioneira em um conceito inspirador de resíduo zero, que poderá mostrar a outras cidades como atingir a sustentabilidade.
No final de abril, o prefeito de Nova York, Eric Adams, anunciou que a ilha irá abrigar um “laboratório vivo” de US$ 700 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões), dedicado a encontrar soluções para o combate à crise climática.
“O conceito e o projeto do parque estão realmente baseados [na] sustentabilidade e na resiliência”, diz Clare Newman, presidente e CEO (diretora-executiva) da ONG Trust for Governors Island. O Trust é responsável pela administração da ilha, em conjunto com o Serviço de Parques Nacionais.
Originalmente, Governors Island tinha 29 hectares. Mas a ilha mais que dobrou de tamanho no início dos anos 1900, quando foram acrescentados 40 hectares de terra, retirada na escavação da estação de metrô Lexington Avenue, em Manhattan.
Em 2007, essa área praticamente não desenvolvida no sul da ilha foi reprojetada para ser mais do que apenas um espaço recreativo. O Trust viu ali a oportunidade de “demonstrar para toda a cidade e, quem sabe, para o mundo como podemos desenvolver ambientes urbanos de forma muito mais sustentável e adaptável”.
Essa iniciativa ecológica é o capítulo mais recente da fascinante história de Governors Island.
Ilha histórica
Os ingleses chegaram a Nova York em 1664, quando tomaram a ilha dos holandeses. E, 11 anos depois da retirada das tropas britânicas com a Revolução Americana de 1783, o governo de Nova York começou a fortificar o porto, construindo três fortes na ilha – o Forte Jay, o Castelo Williams e a fortificação South Battery. As construções ajudaram a deter uma invasão britânica na Guerra de 1812.
Sob o controle do governo americano, a ilha se tornou uma base militar, posto de quarentena para refugiados religiosos, prisão de soldados confederados durante a Guerra Civil Americana, quartel-general na Segunda Guerra Mundial e, por fim, base da Guarda Costeira americana até 1996.
A ilha ficou então praticamente abandonada por quase uma década, enquanto o governo federal discutia o que fazer com ela.
Governors Island também testemunhou muitos momentos históricos. Em 1919, por exemplo, Wilbur Wright — o mais velho dos irmãos Wright — decolou de uma faixa de terra na parte sul da ilha para o primeiro voo sobre a água nos Estados Unidos.
O compositor Burt Bacharach apresentava-se regularmente no The Officer’s Club, localizado na ilha, no início da década de 1950. Já o presidente americano Ronald Reagan recebeu o líder soviético Mikhail Gorbachev na mansão Admiral’s House, do século 19, em 1988.
Em 2001, Governors Island foi declarada Monumento Nacional. Dois anos depois, ela foi vendida para a cidade e para o Estado de Nova York por um dólar (cerca de R$ 5 em valores atuais). E, em 2005, ela foi aberta à visitação.
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