Sexta-feira, 18 de Outubro de 2024

Home Dennis Munhoz A frieza de Putin contamina o mundo

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Mais de cem dias após a invasão do território Ucraniano, líderes políticos e parte da imprensa mundial parecem ter assimilado a “operação especial” realizada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. O assunto começa a cair no esquecimento ao mesmo tempo em que ganha espaço a absurda teoria de que, para se proteger, a Rússia teria sido forçada a invadir a Ucrânia.

Com a queda do império soviético, no início dos anos 90, a Ucrânia, até então parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, era a terceira potência nuclear do mundo, atrás da Rússia e dos Estados Unidos. Para se ter uma ideia, a China, a França e o Reino Unido, juntos, não reuniam o mesmo poderio nuclear.

Então, como a Ucrânia ficou tão vulnerável e militarmente enfraquecida?

Com o apoio dos Estados Unidos, foi firmado um acordo entre Rússia, Reino Unido e Ucrânia, pelo qual esta última devolveria cerca de três mil armas nucleares à Rússia com a condição de ser reconhecida como país independente e com a garantia da não invasão do seu território. Cabe salientar que a Ucrânia foi a ex-república soviética que mais resistiu ao acordo, porém foi obrigada a ceder devido a pressão exercida pelas demais potências.

E lá se vão oito anos desde que a Rússia invadiu o território ucraniano, mas parece que a opinião pública esqueceu-se da Crimeia, de 2014. Desta vez, travestido de presidente eleito, o ditador russo busca justificar a invasão valendo-se da ameaça da adesão da Ucrânia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e do seu imenso e inenarrável espírito humanitário na defesa dos territórios separatistas de Donetsk e Lugansk.

Como podemos aceitar que a mera suposição de um ditador possa valer mais do que um acordo assinado, e não cumprido, que foi o Memorando de Budapeste.

As notícias sobre as mortes, bombardeios, destruição de cidades e famílias vão perdendo espaço enquanto ganha força a repercussão do aumento dos preços do petróleo, dos alimentos e da inflação, aumento este provado, em boa parte, pela própria invasão.

Aceitar que a solução do conflito e o restabelecimento da economia mundial passaria pela aceitação, mesmo que parcial, dos absurdos praticados pela Rússia seria dar o atestado que Putin deseja para a reorganização da República Soviética.

A resistência russa é reconhecida mundialmente, basta examinar a estratégia utilizada contra as tropas nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. E apesar das sanções econômicas contra ela tenham sido aumentadas, será que vão funcionar contra a maior potência nuclear do planeta?

Indiretamente, a mais nova e poderosa amiga russa, a China, está sustentando a economia da parceira. Isto mesmo, a China, que, nas últimas décadas, cresceu em detrimento de empregos de muitos americanos, europeus e até latinos.

Alimentamos e criamos uma dependência enorme de quem, agora, se alia ao inimigo. Entregamos armas e meios de produção para quem nunca foi confiável e ainda esperamos bom senso daqueles que nunca o tiveram.

Neste ponto, devemos reconhecer a habilidade do ditador Kim Jong-un. A Coreia do Norte possui uma área menor do que o estado do Maranhão e uma população equivalente à de Minas Gerais e, mesmo assim, o coreano conseguiu atrair o presidente dos Estados Unidos para o diálogo, causando pânico na terceira maior economia do mundo, o Japão, e realiza testes nucleares sem dar satisfação para ninguém. E adivinhe o motivo? Porque têm armas nucleares potentes! Pergunte se Putin invadiria a Coreia do Norte?

Os dias vão passando e o mundo mantém a dependência do petróleo e gás russos e dos produtos industrializados da China, ao mesmo tempo em que a estratégia da Rússia é cada vez mais clara: resistir e esperar pelo aumento da crise econômica e esgotamento dos recursos naturais do planeta enquanto se reorganiza para a criação da nova República Socialista Soviética.

 

 

Dennis Munhoz – advogado, jornalista e correspondente internacional da Rede Mundial e da Rádio Pampa.

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