Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Tecnologia A nova ética do brasileiro no WhatsApp e Telegram para evitar brigas de família

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O uso das plataformas digitais no Brasil para acessar conteúdos políticos tem sido frequentemente alvo de debate no contexto eleitoral, principalmente após as eleições de 2018 sacramentarem candidaturas com força nas redes sociais e pouco tempo de TV, como a do presidente Jair Bolsonaro (PL). Do ponto de vista do comportamento político dos usuários, um estudo do centro de pesquisa InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social ajuda a entender opiniões e atitudes de quem navega pelos aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram.

Um dos pontos revelados pela pesquisa, que envolve análise quantitativa e qualitativa com grupos de discussão, é o crescimento entre os usuários que dizem se policiar mais sobre o que falam em grupos nos aplicativos, uma tendência já observada em 2020. Esse índice chega hoje a 56%. Há dois anos, em pesquisa anterior, 40% dos entrevistados indicaram esse comportamento.

Além disso, 64% evitam compartilhar mensagens que possam atacar valores de outras pessoas, contra 57% em 2020, e 50% dizem evitar falar de política no grupo da família para fugir de brigas. Em 2020, eram 40%. Ainda segundo a pesquisa, 99,8% dos usuários de internet utilizam o aplicativo WhatsApp e 43% são usuários do Telegram, um crescimento de 12 pontos percentuais em relação a 2020.

A pesquisa ouviu 2.018 entrevistados com acesso à internet e que usam WhatsApp e/ou Telegram, distribuídos nas cinco regiões do Brasil, entre 16 e 28 de dezembro do ano passado. A margem de erro é de três pontos percentuais sobre o total da amostra, e o intervalo de confiança é de 95%.

A pesquisa qualitativa, feita em junho deste ano com dez grupos com cinco a oito pessoas, traz alguns indícios sobre esse comportamento nos grupos. “Há um sentimento geral de desgaste, de cansaço e de animosidade, que acabou desencadeando uma espécie de “ética” para evitar brigas”, observa o InternetLab no relatório com os dados. Isso se soma ao fato de que os grupos de família e amigos são os tipos mais comuns no WhatsApp e onde mais se discute questões da sociedade. Entre os mais de 2 mil entrevistados no levantamento quantitativo, 68% informaram estar em um grupo com amigos e 39% debatem temas políticos neles, enquanto 65% estão em grupo familiar e 35% discutem os temas nesses ambientes virtuais.

Há diferença em relação ao uso do Telegram. Na plataforma, grupos ligados a interesses mais individuais são mais comuns, como notícias, economia/negócios, temas de interesse, canais de políticos/artistas. Muitos desses, chamados de grupos, são canais dentro do aplicativo, em que as pessoas estão para receber conteúdos e não necessariamente para interagir.

Sair do grupo

Quando há a sensação de que as regras de convívio não são praticadas, sair do grupo é apontado como alternativa pelos entrevistados. Outra saída para evitar atrito é lançar mão do humor. Mandar mensagens com esse teor é visto como um bom jeito de falar de política sem provocar brigas por 30% dos ouvidos no levantamento quantitativo.

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