Sexta-feira, 27 de Setembro de 2024

Home Política A Starlink não é dona de todos os satélites do Brasil

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Um vídeo que circula no Instagram e no Telegram mostra um homem sendo questionado sobre a queda do X (ex-Twitter) no Brasil. Ele diz que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deixa a população brasileira vulnerável porque “Elon Musk tem poder sobre todos os satélites do Brasil, como da Claro e da TIM”. E que, com a situação, “o Congresso americano está sugerindo que Elon desative os satélites do Brasil em represália a essa ordem ilegal do ADM [Alexandre de Moraes]”. O homem acrescenta, ainda, que haveria uma “ruptura de toda economia do Brasil, de comunicações, de caminhões, metrô, trem, aviões”, e sugere o acesso ao X via VPN – prática proibida pelo STF sob pena de multa de R$ 50 mil.

A Starlink, projeto de satélites da SpaceX, de Elon Musk, não é responsável por todos os satélites do Brasil, diferentemente do que afirma o vídeo. O portal de dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informa que atualmente há 52 satélites em operação comercial no País. Desses, apenas um é operado pela SpaceX, empresa da qual a Starlink faz parte.

A Conexis Brasil Digital, que representa as empresas de telefonia TIM, Claro e Vivo, reforçou que a informação divulgada no vídeo não é verdadeira.

“As operadoras associadas à Conexis prestam os serviços de internet e telefonia por meio de frequências licitadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)”, disse em nota a entidade, antes conhecida como Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular.

Vinculada à Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), a Conexis explicou ainda que, para a oferta de internet, as operadoras usam suas próprias infraestruturas.

“Por exemplo, as frequências adquiridas em leilões da Anatel na rede móvel, complementada por rede terrestre, com fibra e cobre, incluindo o atendimento de banda larga fixa. De forma pontual, em algumas áreas remotas, as empresas podem utilizar serviços de satélite de terceiros, de diferentes empresas que oferecem esses serviços”. A Starlink está entre as terceirizadas, segundo a Conexis.

Ou seja, os serviços de internet no país não dependem apenas dos satélites da Starlink. A Claro é de propriedade do grupo mexicano América Móvil, enquanto a TIM é controlada pela Telecom Italia Finance. O que ocorre, conforme dados da Anatel, é que a Starlink é a principal operadora de internet via satélite no país, com cerca de 46% da cobertura. No entanto, no Brasil, este tipo de conexão não chega a 1% do total de assinantes de banda larga.

Não há qualquer tipo de informação sobre a suposta sugestão do Congresso americano a Elon Musk para suspender os satélites no Brasil em resposta ao bloqueio do X, como comentou na entrevista Luciano Cesa, que é criador de conteúdo e foi candidato a vereador em Caxias do Sul nas eleições de 2020 e candidato a deputado federal pelo Rio Grande do Sul em 2022 pelo Patriota. Ele não foi eleito em nenhuma das disputas.

Capacidade

Segundo dados disponibilizados no Portal da Transparência da Anatel, a Starlink – que entrou no Brasil em fevereiro de 2022 – tinha, até julho de 2024, 224 mil acessos em todo o território brasileiro. No mercado de banda larga fixa, esse número representa 0,98% das 49,7 milhões de conexões à internet registradas no Brasil neste período.

Para comparação, no ranking geral de internet banda larga da agência, a Claro aparece em primeiro lugar, com 20,4% de participação no mercado (10,1 milhões de acessos) durante o mesmo período. Já a Vivo, que ocupa o segundo lugar no ranking, deteve uma fatia de 14,2% (7 milhões de acessos).

A presença da Starlink se destaca, no entanto, quando observado o nicho da internet via satélite. Nesse setor de mercado, a empresa de Musk tem 45,9% de participação, e lidera o ranking de acessos no Brasil – especialmente na região Norte, onde se localizam 7 das 10 cidades com mais usuários da Starlink.

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