Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 7 de dezembro de 2021
Escrevo como brasileiro comum. Acho que não é ousadia, como médico, não literato, abordar este tema.
Acho que a Academia Brasileira de Letras (ABL) deveria mudar de nome e se chamar Academia Brasileira dos Notáveis.
O estatuto da ABL estabelece que o candidato a uma das 40 cadeiras deve ser brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito.
Importante e incompreensível: basta ter escrito um único livro!
Os imortais seriam escolhidos por escrutínio secreto.
Na verdade, o candidato deveria ser julgado pelo seu currículo literário e com voto aberto.
Olho no olho é a maneira mais fidedigna de construir a verdade. As regras de pontuação do currículo seriam pré-estabelecidas e todos poderiam, mais ou menos, graduar as notas merecidas e aferidas.
Mario Quintana tentou vaga na academia por três vezes, mas nunca conseguiu! Indicado pela 4ª vez denunciou “É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja tão politizada. Só dá ministro! ”
Junto com ele, foram esquecidos e injustiçados: Carlos Drummond de Andrade, Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Graciliano Ramos e Erico Veríssimo.
Alguém já escreveu que a ABL é uma confraria misteriosa, apadrinhadora e politiqueira.
Até o presente momento ela imortalizou políticos como: Getúlio Vargas, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel.
Imortalizou também pessoas excepcionais e notáveis como: Santos Dumont, Gilberto Gil e Fernanda Montenegro. Todos com minúsculo currículo literário.
É sabido que o candidato, para receber votos, necessita fazer uma romaria: um ritual de visitas a todos imortais votantes. É necessário provar que é de boa índole, fraterno, ameno e que haverá um convívio nos derradeiros anos sem discussões!
A nata cultural da sociedade brasileira, que tanto critica a teia política, se comporta da mesma maneira: com artifícios, interpretações distorcidas e conchavos debaixo da mesa.
Luiz Coronel, advogado, professor, compositor e escritor possui mais de 70 obras publicadas. Recebeu prêmios no Brasil, Espanha e México.
Lamentavelmente foi preterido no último pleito.
A eleição de Luiz Coronel a uma cadeira da ABL não é somente uma aspiração pessoal! Pelo unânime reconhecimento é uma aspiração de todo povo gaúcho.
Afinal: é ou não é, Academia de Letras??!!
Prof. Dr. Carlos Roberto Schwartsmann – médico e professor
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