Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025

Home em foco Acordo travado: Lula diz que a União Europeia tem que “se virar” com a França para assinar tratado com Mercosul

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que o Mercosul está pronto para assinar o acordo com a União Europeia e que é preciso que o bloco “se vire” com a França para levar o tratado adiante.

No segundo semestre de 2023, quando ocupava a presidência semestral da UE, a Espanha insistiu em fechar o acordo, negociado durante mais de duas décadas. Naquele momento, as negociações avançaram consideravelmente, até que a onda de protestos dos agricultores europeus lançou um manto de incerteza sobre o pacto.

Lula também afirmou que a França “certamente disputará” com o queijo mineiro e o vinho do Rio Grande do Sul, mas que já teria comunicado à União Europeia sobre os termos do Mercosul para o acordo.

“Nós estamos prontos para firmar o acordo Mercosul e União Europeia. Agora depende da UE porque nós aqui já decidimos o que queremos, e já comunicamos a eles. A UE que se vire com a França, que tem dificuldade com os produtos agrícolas brasileiros e certamente teria que disputar com nosso queijo de Minas, nosso vinho do Rio Grande do Sul. Mas já liguei para (Ursula) Von der Leyen (presidente da Comissão Europeia) dizendo para ela está pronto, nós do Mercosul estamos dispostos a assinar o acordo, é só vocês quererem que assinamos. Agora só depende deles, não depende de nós”, declarou o presidente brasileiro.

Recentemente, Lula afirmou que o acordo não dependia da França para ser fechado, embora o país seja um dos principais opositores ao entendimento por conta de protestos de produtores agrícolas.

Protecionismo

O setor agrícola, parte dos parlamentares e até o presidente da França, Emmanuel Macron, se posicionam contrariamente aos termos do acordo Mercosul-União Europeia. O tratado comercial mudaria a dinâmica do agro no continente, que atualmente beneficia os franceses.

No bloco europeu, a dinâmica do agronegócio é regido pela Política Agrícola Comum (PAC) — que unifica regras para o setor nos países-membros. O conjunto de normas traz medidas de mercado e subsídios a agricultores.

Segundo levantamento da CNN com base em dados da Comissão Europeia, a França é o principal beneficiário da PAC, tanto nos pagamentos diretos aos agricultores quanto no gasto com desenvolvimento rural no continente.

Entre 2015 e 2021, os agricultores franceses receberam em pagamentos diretos da União Europeia o equivalente a R$ 262 bilhões. Isso representa 18% do total gasto do bloco neste tipo de operação.

No mesmo período, o gasto da UE com desenvolvimento rural na França foi de R$ 62 bilhões — 12% do total.

O gasto total da PAC foi equivalente a 23,64% do dispêndio da União Europeia em 2022.

Além de grande beneficiária, a França foi um dos líderes da construção histórica da PAC, com foco na integração agrícola no bloco europeu.

Junto aos franceses, a Irlanda, nos últimos anos, também se posicionou contra reformas na PAC e vetou propostas para redução destes subsídios domésticos.

Os franceses justificam, internamente, sua posição com alegadas preocupações com segurança alimentar e sobrevivência da agricultura familiar.

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