Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 18 de agosto de 2022
O acusado pelo ataque a Salman Rushdie disse que não esperava que o escritor sobrevivesse à agressão. Em entrevista ao New York Post, Hadi Matar elogiou o aiatolá Khomeini (que emitiu uma fatwa, um decreto religioso, pedindo a morte do escritor) e contou que teria lido “apenas duas páginas” do romance de Rushdie “Os versos satânicos”, que estimulou a adoção da medida pelo líder iraniano.
Na entrevista, Hadi Matar também negou ter contato com qualquer entidade do Irã e afirmou ter tomado a decisão de ir até o local do evento literário sozinho. Ele contou ter decidido ir ao encontro de Rushdie após ver uma publicação em uma rede social anunciando a visita do escritor.
“Eu não gosto da pessoa. Não acho que ele seja uma pessoa muito boa”, disse ele sobre Rushdie. “Ele é alguém que atacou o Islã, ele atacou suas crenças”, afirmou o acusado.
Morador de Nova Jersey, Matar, de 24 anos, declarou-se inocente em audiência no último sábado da “tentativa de assassinato e agressão em segundo grau, com intenção de causar lesão física com arma mortal, além de outras acusações”, de acordo com Nathaniel Barone, seu defensor público.
A possibilidade de fiança para Matar foi recusada, e ele foi detido na Cadeia do Condado de Chautauqua. Nesta quinta-feira (18), Matar reiterou a declaração de inocência das acusações de tentativa de assassinato e agressão durante uma audiência em um tribunal no Norte do Estado de Nova York.
O crime, de acordo com a lei de Nova York, pode acarretar uma acusação de até 25 anos de prisão.
Versos satânicos
A obra de Rushdie fez com que ele se tornasse alvo de ameaças de morte no Irã desde a década de 1980. O livro “Os versos satânicos” é proibido no país desde 1988. Muitos muçulmanos consideram a história uma blasfêmia.
O escritor passou cerca de dez anos sob proteção policial e vivendo na clandestinidade após a emissão da fatwa, um ano após a publicação do livro. Ele mora nos Estados Unidos desde 2000.
Escritores
O universo literário ficou em estado de choque com o ataque ao escritor Salman Rushdie. Nas redes sociais, autores consagrados como Stephen King e Neil Gaiman reagiram com horror à agressão ao autor.
“Que tipo de idiota apunhala um escritor, afinal?”, questionou King em uma série de tuítes. “Estou chocado e angustiado ao ver que meu amigo Salman Rushdie foi atacado antes da palestra. Ele é um homem bom e brilhante”, escreveu Gaiman.
Ian McEwan, vencedor do Booker Prize, foi além, descrevendo o caso como um ataque à liberdade de expressão e de pensamento. “Salman tem sido um defensor de escritores e jornalistas perseguidos em todo o mundo. Ele é um espírito ardente e generoso, um homem de imenso talento e coragem”, escreveu o autor.
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