Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Home Carlos Roberto Schwartsmann Adeus, Maria!

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O presente texto fala das mães.

Neste aspecto as pessoas se dividem em dois grandes grupos: As que a mãe já é falecida e as que a mãe está viva. Acho que ambos os grupos vão refletir sobre a coluna.

Minha mãe, Maria, faleceu semana passada com 98 anos.

Apesar de experiente, confuso com este novo fato, aturdido pela emoção, tento absorver a ideia de que nunca mais poderei ouvir a sua voz, seus conselhos e suas poesias.

Convivemos juntos durante muitos anos. Tentei ser o melhor filho possível! Realmente ela foi uma das pessoas mais fantásticas que tive o prazer de conhecer.

No seu enterro inúmeros amigos teceram comentários e elogios a respeito do seu caráter, da sua educação, da sua polidez, da sua bondade, do seu bom humor e da sua veia artística.

Os genes da arte foram distribuídos de maneira desigual. Meu irmão Gilberto levou a maioria.

Ainda no sepultamento, muitos comentaram que ela era tão especial que seria fortíssima candidata a cadeira de IMORTAL na academia da vida.

O nome Maria é muito bonito. E como a vida é cíclica, milhares de novas meninas vão receber este dádiva de nome: Maria. Maria é mãe de Jesus!

No Egito antigo significava “ a amada de Deus”. No grego “ a iluminada”. No hebraico “a soberana”

O nome foi consagrado e imortalizado na música do filme “Amor sublime amor” que ganhou 10 óscares em 1961. Johnny Mathis cantava:

“The most beautiful sound I ever heard: Maria, Maria, Maria! ” Sempre que escuto fico comovido e arrepiado.

Ela não foi só nossa mãe. Foi mãe de muitos familiares que se tornaram órfãos muito precocemente. Foi mãe de muitos amigos.

Dizia, quando colegas da faculdade chegavam para almoçar: Mais água no feijão, ovo frito e pão todos terão. ”

Declamava como ninguém. Possuía uma memória invejável. Foi fantástica poetisa de versos nunca publicados. Divido com todos uma poesia dedicada ao meu pai após falecimento em 2000. Se intitulava: “Doadora de órgãos! ”

“Eu gostaria de ser uma doadora de órgãos, coisa bonita ser preocupada com o próximo, mas talvez, não sei se posso. Já tive câncer e perdi meus seios. Doar as córneas também não posso, implantei lentes e perdi parcialmente a visão.

No fígado tive hepatite e asma nos pulmões, mas ainda tenho rins, pele e ossos.

É uma pena que não posso doar meu coração.

Pois ele eu já doei ao meu querido Simão! ”

Hoje, feliz, jaz ao lado do grande amor da sua vida. Por toda a eternidade! Nós teus filhos netos e bisnetos agradecemos a sorte de ter te conhecido: Muito obrigado.

ADEUS, MARIA!!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

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