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Por Redação Rádio Pampa | 24 de março de 2022
Modificar alfaces pode ser a melhor opção para evitar que astronautas percam massa óssea em viagens ao espaço. Essa preocupação é o que movimenta uma pesquisa de cientistas norte-americanos que buscam, por meio da transgenia, produzir alfaces com um hormônio ósseo estimulante.
O estudo da American Chemical Society (ACS), organização que apoia pesquisas científicas, observou que os astronautas perdem cerca de 1% de massa óssea por mês no espaço, o que pode aumentar casos de osteopneia, doença que antecede a osteoporose.
Nos testes, os pesquisadores introduziram uma bactéria modificada com o peptídeo (aminoácido) ósseo estimulante nas células da alface. Resultados iniciais mostraram que, no geral, a folhagem alterada contém de 10 a 12 miligramas do hormônio, o que, para os astronautas, significa ingerir “8 xícaras” — ou 380 gramas — de alface diariamente para evitar a queda de massa óssea.
Atualmente, para evitar a redução de massa óssea, que tem como uma de suas causas a mudança de gravidade, os astronautas são submetidos a uma série de exercícios e dieta regulada, mas que são insuficientes para prepará-los em viagens mais longas, como aquelas planejadas pela Nasa para 2030 — a empresa deseja enviar humanos para Marte, onde ficarão por aproximadamente três anos.
Até o momento, a única opção conhecida para evitar a perda de massa óssea nas viagens espacias é um medicamento a base de peptídeos da paratireoide, glândula humana que regula a taxa de cálcio do corpo. Contudo, ele exige injeções diárias que, somadas à dificuldade do transporte e à disponibilidade e armazenamento das seringas, acaba sendo inviável para a rotina no espaço.
Processo de transgenia
O estudo também prevê preparar os astronautas para o cultivo das alfaces transgênicas no espaço, o que seria uma opção interessante à dieta de enlatados conhecida pelos profissionais.
Para a ACS, os pesquisadores explicaram que “os astronautas podem levar para o espaço milhares de sementes e usá-las para sintentizar fármacos, como o hormônio humano da paratireóide”, assim, para repor os componentes da massa óssea, seria necessário apenas comer uma boa salada.
Para aumentar a estabilidade do hormônio no corpo, eles anexaram uma proteína humana na sequência genética da nova folhagem, assim, o peptídeo circula melhor no organismo e tem resultados mais efetivos. Além disso, os cientistas também planejam investigar se o cultivo da alface modificada pode ser feita em países sem acesso a medicamentos à base de cálcio.
O sabor da alface transgênica ainda é desconhecido, mas, de acordo com os cientistas, será parecido ao das alfaces comuns, sem modificação genética.
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