Terça-feira, 22 de Outubro de 2024

Home Meio-Ambiente Alterações climáticas mexeram com o ciclos da natureza de Norte a Sul do País neste ano

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Do Norte ao Sul do país, as mudanças climáticas alteraram ciclos naturais neste ano, que influenciam da produção agrícola no Sul ao aparecimento prematuro de praias antes visíveis apenas no período próprio de estiagem em rios amazônicos. Em Belo Horizonte, ainda não floresceram os ipês-roxos, como é comum no inverno. Em São Paulo, o fenômeno foi o inverso: as flores desabrocharam nos ipês antes do previsto.

Na capital paulista, a floração dos ipês-roxos desde junho, antecipando o que costuma ocorrer apenas entre julho e setembro, ocorreu no fim do quarto outono menos chuvoso neste século, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas do município. Foram registrados 117 mm de chuva, 57,9% da média esperada para o período, que era de 202 mm.

Segundo o diretor de Gestão Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Dany Amaral, os ipês rosa e roxo costumam florescer entre junho e julho na cidade, os amarelos entre julho e agosto, e os brancos em setembro. Para Amaral, o atraso na floração dos roxos pode ser explicado pelo calor.

“As temperaturas na estação passada foram altas, o que afeta a planta. O ipê pode ter o seu ciclo atrasado, com o florescimento estendido até a primavera”, explica.

A população percebe este atraso no florescimento dos ipês.

“Era comum a cidade estar enfeitada com ipês coloridos à esta época do ano. Também não vimos o frio até agora. Está um tempo seco e muito quente, que é bem diferente dos outros invernos”, aponta o coordenador de T.I. Vinicius Rubens Ohasi, morador da região Metropolitana da capital mineira.

Praias surgem

No Norte, as mudanças climáticas afetaram as chuvas. Menos de um ano após a seca histórica na Bacia Amazônica, a recuperação, no período de cheia não foi suficiente para os rios retornarem ao nível esperado em 2024. Este desequilíbrio afeta o surgimento de praias fluviais temporárias.

No caso do Pará, o marco da estiagem é outubro. Mas na região turística de Alter do Chão, onde o Rio Tapajós deveria estar totalmente cheio, já são vistas praias que costumam ser formadas em período de seca. Como a Ponta do Maguari, na Floresta Nacional de Tapajós, que deveria aparecer em agosto. O mesmo fenômeno fez emergir a famosa Ilha do Amor.

“O Tapajós subiu pouco e já está baixando novamente”, explica Caetano Scannavino, coordenador do projeto Saúde e Alegria, ONG que atua em comunidades ribeirinhas e indígenas.

Segundo Scannavino, há a preocupação de que, quando começar o ápice da estiagem, em setembro, a região passe por uma seca pior do que a do ano passado.

Nem no primeiro semestre de 2020 o Pantanal teve tantos incêndios quanto em 2024. Além da alta quantidade de focos, o fogo chegou mais cedo, já que o auge da temporada de incêndios costuma ser entre agosto e setembro. Segundo especialistas, uma combinação do El Niño com mudanças climáticas levou a secas severas no país. Além disso, a ação humana por meio do desmatamento e conversão de áreas para agricultura ou pecuária também provocam alterações no ciclo do fogo.

Segundo o Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve 3.538 focos de calor de janeiro a junho no Pantanal – o maior número desde 1988, quando começou a série histórica. A quantidade é quase 30% maior que a do mesmo período de 2020. Um relatório do MapBiomas aponta que 468 mil hectares foram queimados no Pantanal no primeiro semestre. Foram 394 mil hectares a mais, em comparação com a média histórica dos últimos cinco anos.

“Não tivemos o esperado pico de cheia e o cenário indica um retorno às condições de seca extrema, que deve se estender até setembro”, aponta Eduardo Rosa, pesquisador da equipe MapBiomas Pantanal e do Monitor do Fogo.

No Rio Grande do Sul, as chuvas que mataram centenas de pessoas em abril e maio deixaram um legado de problemas na agricultura. Entre as culturas mais impactadas pelos danos ao solo, estão as de soja e de milho. Antes disso, ondas de calor provocaram estresse em animais, prejudicando a produção de carne e de leite, e reduziram a oferta de ração para o gado.

“Mudanças bruscas de fatores como incidência de luminosidade, temperatura e umidade geram stress fisiológico nas plantas, que podem afetar seu desenvolvimento, sobretudo em estágios críticos como: brotação, florescimento e enchimento de grãos ou frutas”, aponta Luis Humberto Villwock, engenheiro-agrônomo, professor da Escola de Negócios da PUCRS e Head do Celeiro AgFood Hub do Tecnopuc.

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), as perdas do agronegócio ultrapassam os R$ 2,9 bilhões. Em março, a perspectiva da Emater era de que entre 2023 e 2024 o estado teria a maior safra de soja desde 1970. As chuvas no mês seguinte impediram que a previsão se realizasse. As informações são do jornal O Globo.

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