Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Saúde Alzheimer: primeiros sinais da doença podem surgir nos olhos, dizem cientistas; entenda

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Cientistas do Centro Médico Cedars-Sinai, nos Estados Unidos, lideraram a maior análise já feita sobre as mudanças que ocorrem na retina dos olhos devido ao diagnóstico de Alzheimer, e como elas se relacionam com as alterações cerebrais e cognitivas da doença. Os pesquisadores encontraram uma série de marcadores que podem ser associados à patologia, e acreditam que os sinais podem ser um dos primeiros capazes de indicar o Alzheimer.

“Nosso estudo é o primeiro a fornecer análises aprofundadas dos perfis de proteínas e dos efeitos moleculares, celulares e estruturais da doença de Alzheimer na retina humana e como eles correspondem a mudanças no cérebro e na função cognitiva”, diz a professora de Neurocirurgia, Neurologia e Ciências Biomédicas no Cedars-Sinai, e principal autora do estudo, Maya Koronyo- Hamaoui, em comunicado.

“Essas descobertas podem eventualmente levar ao desenvolvimento de técnicas de imagem que nos permitam diagnosticar a doença de Alzheimer mais cedo e com mais precisão e monitorar sua progressão de forma não invasiva, olhando através do olho”, complementa a especialista.

A análise foi publicada na revista científica Acta Neuropathologica. Além de auxiliar no manejo da doença, o entendimento sobre os impactos na retina, e o consequente diagnóstico precoce, pode auxiliar no desenvolvimento de tratamentos que buscam evitar o declínio cognitivo característico do quadro, afirmam os pesquisadores.

Isso porque, embora afete mais de 30 milhões de pessoas em todo mundo, num ritmo que deve triplicar nas próximas décadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não há um único teste capaz de definir se o paciente tem a doença ou não.

O que existem hoje são biomarcadores que, juntos à análise clínica, levam o profissional especializado a identificar o quadro, geralmente quando o estágio já está mais avançado. Com isso, embora sejam poucos os medicamentos capazes de retardar o declínio cognitivo, são raros os casos que de fato podem recebê-los, já que eles são orientados para o início da doença.

Doadores humanos

No novo trabalho, os cientistas conseguiram coletar a retina e o tecido cerebral de 86 doadores humanos para analisá-los. É o maior número de amostras do tipo proveniente de pacientes estudado até então. O feito não é simples, levou um total de 14 anos para que os pesquisadores conseguissem todas as doações.

Parte dos indivíduos tinham Alzheimer quando vivos, em diferentes estágios, enquanto outros tinham comprometimento cognitivo moderado ou eram saudáveis. No estudo, os responsáveis compararam as amostras de cada grupo para identificar as diferenças na retina entre eles.

“A retina, uma extensão de desenvolvimento do cérebro, oferece uma oportunidade inigualável para monitoramento não invasivo e acessível do sistema nervoso central. E descobrimos um acúmulo de proteínas altamente tóxicas nas retinas de pacientes com a doença de Alzheimer e comprometimento cognitivo leve, causando degeneração severa das células”, diz Yosef Koronyo, pesquisador do Departamento de Neurocirurgia Cedars-Sinai e um dos autores do estudo.

No geral, os cientistas identificaram nas retinas uma abundância da proteína beta amiloide, uma das substâncias cujo acúmulo no cérebro é associado ao Alzheimer. Nas retinas, esse agrupamento foi observado nas células ganglionares, que ligam a entrada visual da retina ao nervo óptico.

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