Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de outubro de 2023
A mudança climática se tornou o principal fator que afeta a extinção dos anfíbios, conforme estudo publicado pela revista Nature. Animais como sapos, rãs, salamandras e outras criaturas de sangue frio, capazes de viver na água e na terra, são muito vulneráveis às alterações ambientais, porque não têm penas, pelos, ou escamas para se protegerem.
Em partes da Austrália e do Brasil, prevê-se que a redução das chuvas, por causa da mudança climática, ameace a reprodução das rãs, que dependem da umidade do solo e das folhas para evitar que seus ovos sequem. As salamandras e os triturus são as espécies mais afetadas, e a ameaça se concentra nas ilhas do Caribe, na Mesoamérica, nas áreas tropicais dos Andes, em Madagáscar e no Sri Lanka, entre outras regiões.
Em climas extremos ligados à mudança climática, os anfíbios se desidratam rapidamente e também perderam os espaços úmidos necessários para sua reprodução. Tempestades mais frequentes e intensas, enchentes e o aumento do nível do mar podem destruir as florestas onde vivem e se reproduzem. “Em muitos casos, essas mudanças ocorrem muito rápido para que possam se adaptar”, disse Kelsey Neam, do Grupo de Especialistas em Anfíbios da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“A mudança climática é uma ameaça subestimada para os anfíbios” e vai se tornar “mais evidente”, disse Neam, coautora do estudo publicado nesta semana. “O esperado é que a mudança climática leve as espécies à extinção.”
Cadeia alimentar
Os anfíbios desempenham um papel essencial na cadeia alimentar porque servem aves, mamíferos e répteis. Uma extensa pesquisa em 2004 mostrou que esses animais são os vertebrados mais ameaçados do planeta. O levantamento feito em cerca de 60 países e publicado na Science de 14 de outubro daquele ano mostrou que quase um terço das 5.743 espécies conhecidas de anfíbios – sapos, rãs e salamandras – se encontrava sob risco de extinção, situação bem mais grave que a das aves e mamíferos.
O desaparecimento dos anfíbios estaria associado à poluição, à perda do hábitat ou à caça. Mas na época faltava uma causa evidente para o declínio de metade das espécies. Mas se alertava que a extinção acelerada desse grupo afetaria a sobrevivência dos répteis e das aves que se alimentam de anfíbios e geraria um desequilíbrio ecológico, com o aumento de populações de insetos.
Atualização
O estudo atual se baseia em uma atualização realizada no ano passado desta pesquisa global, que recorreu a uma avaliação do estado de 8.011 espécies, encomendada pela UICN. A conclusão é de que a situação dos anfíbios continua se deteriorando rapidamente. Agora, 41% desses animais estão classificados como “ameaçados”, uma classificação que inclui espécies vulneráveis, em perigo e em perigo grave.
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