Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 15 de fevereiro de 2023
Cientistas desenvolveram uma pílula anticoncepcional masculina não hormonal que impede que o espermatozoide nade até o óvulo. O estudo inicial, feito com camundongos, teve um resultado promissor. Com uma única dose da droga, chamada TDI-11861, os espermatozoides do animal foram imobilizados antes, durante e depois do acasalamento. O efeito da droga, ou seja, a “infertilidade temporária” durou aproximadamente três horas e, em um dia, desapareceu totalmente. O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA e publicado na revista Nature.
“Se os testes em camundongos puderem ser replicados em humanos com o mesmo grau de eficácia, então esta pode ser a abordagem contraceptiva masculina que estamos procurando”, afirma Allan Pacey, professor da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, à BBC.
Antes dos testes em humanos, no entanto, os cientistas planejam realizar estudos com coelhos.
Atualmente, a prevenção da gravidez indesejada “é, em grande parte, da competência das mulheres”, afirma o estudo. “De todos os métodos anticoncepcionais modernos disponíveis, todos menos dois são para mulheres. As escolhas contraceptivas para os homens são preservativos ou vasectomia, ambas com limitações que as tornam inadequadas para muitos homens”, segue o documento.
Para os especialistas, o desenvolvimento de novos contraceptivos para homens é um desafio pois, após a puberdade, um homem produz cerca de 1 mil espermatozoides por segundo, “e uma estratégia contraceptiva masculina precisa ser suficientemente eficaz para impedir que milhões de espermatozoides fertilizem o óvulo”.
Segundo os profissionais, a principal diferença entre esta nova pílula anticoncepcional masculina e a feminina, aprovada pela FDA, nos EUA, desde 1960, é que a masculina não envolve nenhum hormônio. Eles afirmam que essa é uma das grandes vantagens da abordagem que está sendo explorada: a pílula masculina não eliminará a testosterona e nem causará algum efeito colateral de deficiência de hormônio masculino.
Uma das cientistas que integram a equipe, a Dra. Melanie Balbach, da Weill Cornell Medicine, em Nova York, disse à BBC que a pílula se mostrou promissora como um anticoncepcional “reversível” e fácil de usar. Caso ela funcione em humanos, os homens poderão tomá-la com a frequência necessária.
Os profissionais alertam, no entanto, que a pílula anticoncepcional masculina não protege contra doenças sexualmente transmissíveis. Os preservativos seguem sendo necessários para isso.
Pacey se emociona ao compartilhar os resultados do estudo e as expectativas de que as pílulas anticoncepcionais masculinas cheguem ao mercado.
“Há uma necessidade urgente de um contraceptivo oral eficaz e reversível para homens e, embora muitas abordagens diferentes tenham sido testadas ao longo dos anos, nenhuma chegou ao mercado. A abordagem descrita aqui, para eliminar a enzima chave no espermatozoide que é crucial para o seu movimento, é uma ideia realmente nova. O fato de ser capaz de agir e ser revertida tão rapidamente é realmente muito emocionante”, conclui Pacey.
A descoberta pode ser um “divisor de águas” para a contracepção, segundo os co-autores do estudo, Jochen Buck e Lonny Levin, ambos professores de farmacologia na Weill Cornell Medicine, em Nova York, de acordo com comunicado da própria universidade. Se o desenvolvimento da droga e os testes forem bem-sucedidos, Levin revela que espera, um dia, entrar em uma farmácia e ouvir um homem pedir “a pílula masculina”.
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