Quarta-feira, 05 de Fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de abril de 2022
Só um quarto dos pacientes hospitalizados com covid se recuperou totalmente um ano após a alta, aponta novo estudo feito no Reino Unido. A pesquisa foi publicada no portal especializado The Lancet Respiratory Medicine. De acordo com os autores, “não existem intervenções farmacológicas ou não farmacológicas eficazes para pacientes com covid longa”, por isso, o artigo se debruçou sobre a descrição da recuperação das pessoas com o passar do tempo.
Para tanto, foram avaliados dados de 2.320 pessoas que saíram do hospital entre 7 de março de 2020 e 18 de abril de 2021. Os pesquisadores avaliaram o estado de saúde dos voluntários através de um questionário de autodescrição, além de testes de capacidade física e exames clínicos das funções de diversos órgãos. A recuperação foi descrita como “limitada” e a queda na qualidade de vida como “impressionante” pela doutora Rachael Evans, líder do estudo.
“Descobrimos que o sexo feminino e a obesidade foram os principais fatores de risco para não se recuperar em um ano… Em nossos aglomerados, o sexo feminino e a obesidade também foram associados com deficiências de saúde contínuas mais severas, incluindo desempenho reduzido em exercícios físicos e qualidade de vida”, detalhou a cientista.
Os sintomas de longo prazo mais comuns de covid foram fadiga, dores musculares, lentidão física, falta de sono e falta de ar. De acordo com a coautora Louise Wain, os achados mostram “necessidade urgente de serviços de saúde para apoiar essa grande e crescente população de pacientes na qual existe uma carga substancial de sintomas”.
Ela alerta para o risco de um novo estado crônico difundido por todo o mundo. “Sem tratamentos eficazes, a covid longa pode se tornar uma nova condição de longo prazo altamente prevalente. Nosso estudo também fornece uma justificativa para investigar tratamentos para covid longa com uma abordagem de medicina de precisão a fim de direcionar os tratamentos ao perfil do paciente individual”, complementa.
Mulheres
De acordo com um estudo realizado entre a Universidade de Parma e o Hospital de Parma, na Itália, as mulheres apresentam mais sintomas da covid longa em relação aos homens. A covid longa, segundo o Ministério da Saúde, é a manifestação de sintomas persistentes após a infecção aguda por SARS-CoV-2.
Na pesquisa, feita com 223 pacientes que passaram pelo hospital entre 2020 e 2021, 97% das mulheres seguiram apresentando sintomas após a infecção, contra 84% dos homens. Durante a fase aguda da doença, as mulheres relataram mais falta de ar, dor no peito, palpitações e fadiga. Os sintomas, em sua maioria, surgiram até cinco meses após o contágio.
A pesquisa reforça que é necessário estudar a fundo a doença para “implementar tratamentos médicos personalizados e direcionados” para cada caso. Os resultados apontam que as mulheres têm sintomas mais intensos na fase aguda, enquanto o curso clínico e prognóstico são mais graves nos homens. Setenta e cinco por cento dos homens precisaram de oxigênio, contra 53% das mulheres.
Nas mulheres, o cansaço e a fadiga foram os sintomas que mais as afetaram a longo prazo, com 75% das pacientes relatando o aparecimento do quadro mesmo após cinco meses da contaminação. Apenas 39% dos homens observaram o mesmo.
Para a pesquisa, a falta de ar, seguida imediatamente da fadiga, são os sintomas mais comuns de covid longa. A idade não foi um fator determinante para que todos esses sintomas fossem desenvolvidos.
Especialistas também analisaram que pacientes que apresentaram dispneia, dores no peito, palpitações, dores no corpo ou distúrbios do sono na fase aguda da doença, possuem mais chances de apresentar sintomas meses depois.
No Ar: Pampa Na Tarde