Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Home Comportamento As mulheres que escolhem ser mães solteiras: “melhor decisão da vida”

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Mais de 50% das mulheres que usam doadores para engravidar pretendem criar seus filhos sozinhas, de acordo com os dados mais recentes de um dos maiores bancos de esperma do mundo, o Cryos International.

Os dados do Cryos, que fornece esperma e óvulos de doadores congelados em mais de 100 países em todo o mundo, mostram um aumento constante de clientes mulheres solteiras nos últimos sete anos, chegando a 54% em 2020.  No mundo, existem mais de 100 milhões de mães solteiras que criam seus filhos sozinhas, de acordo com a ONU.

Veja a seguir as histórias de quatro mulheres sobre suas jornadas pessoais de maternidade e como elas se sentem ao criar seus filhos sem um parceiro.

Mam

Mam Issabre, da França, sempre quis ser mãe e, depois de anos pensando na ideia, finalmente decidiu agir há dois anos.

“Decidi falar com minha mãe sobre isso, e ela disse que talvez fosse um bom momento para tentar, já que eu tinha 38 anos na época”, lembra ela. “Tomei minha decisão em dezembro e em fevereiro estava grávida”, diz a radialista.

Nove meses depois, Mam deu à luz uma menina saudável chamada Imany.

Parece uma história simples, mas ela precisou superar um grande obstáculo: os tratamentos de fertilidade não estavam disponíveis para mulheres solteiras na França na época.

Seu médico havia recomendado viajar para o exterior para fazer uma inseminação, mas Mam conseguiu encontrar outro médico disposto a realizar o procedimento.

Em junho do ano passado, a França aprovou uma lei que permite que mulheres solteiras e casais de lésbicas recebam tratamentos de fertilidade, anteriormente disponíveis apenas para casais heterossexuais.

Um ano depois, Mam reflete sobre ser mãe.

“A primeira vez que segurei minha filha em meus braços foi quando realmente percebi que era mãe”, diz ela. “Foi um momento muito emocionante — foi a melhor decisão da minha vida”, acrescenta ela.

Anne Marie

Para Anne Marie Vasconcelos, de 44 anos, que vive em Nova Jersey, nos Estados Unidos, o caminho para a maternidade foi longo e árduo.

Dez anos atrás, Anne Marie foi diagnosticada com síndrome dos ovários policísticos (SOP), uma condição comum que afeta o funcionamento dos ovários e pode causar problemas de fertilidade.

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O diagnóstico, juntamente com a recente perda de seu pai, fez com que ela decidisse mudar sua vida.

“A endocrinologista disse com base nos meus resultados de laboratório que eu teria problemas para ter filhos e que, se eu quisesse filhos, deveria seguir em frente”, diz a funcionária pública.

“Eu disse a ela que não era casada, e ela respondeu que não é preciso ser casada para ter filhos. Eu nunca tinha pensado nisso desse jeito”, lembra ela.

Em 2016, nasceu o primeiro filho de Anne Marie, William, seguido por seu segundo filho, Wyatt, alguns anos depois.

Ambas as crianças foram concebidas por meio de fertilização in vitro usando esperma do mesmo doador, e ambas as gestações foram cheias de complicações. Ambos nasceram precocemente por cesariana.

Sarah

Sarah [nome fictício] sempre quis ser mãe. “Acho que nunca tive um momento na minha vida em que tivesse dúvidas se ia ou não ser mãe — eu simplesmente sabia”, diz a curadora de arte, de 36 anos. Para ela, a pandemia de coronavírus deixou claro que não havia mais motivos para esperar.

“A pandemia permitiu que eu me reconectasse com aquele desejo de ser mãe, então perguntei a um amigo e ele aceitou minha proposta de ter um filho seu”, conta.

Em agosto, Sarah descobriu que estava grávida após a primeira tentativa. Hoje, grávida de seis meses, ela relembra como sua infância influenciou sua decisão.

“Cresci no Líbano durante a guerra civil. Nasci em 1985 em meio ao período mais duro da guerra”, diz ela. “Tive uma infância feliz, mas também repleta de traumas.”

Seus pais estão formalmente casados há quase quatro décadas, mas Sarah diz que eles “vivem separados, mas sob o mesmo teto” há muito tempo.

Para Sarah, ser mãe solteira não é uma decisão corajosa.

“Eu acho que não há nada de especial ou heroico no que fiz, porque outras mulheres em relacionamentos ou mesmo casadas muitas vezes cuidam dos filhos sozinhas”, diz ela.

Nyakno

O aumento no número de mulheres que decidem ser mães solteiras pode indicar uma mudança de atitude em relação à estrutura familiar de dois pais, mas a segurança Nyakno Okokon, de 37 anos, diz que ela não teve muita opção.

“Eu digo que fui mãe solteira por escolha própria de uma forma muito vaga, porque não foi realmente uma escolha que eu fiz”, diz ela. “Era o meu destino e eu tive que aprender a aceitá-lo.”

Nyakno mudou-se da Nigéria para Dubai há seis anos em busca de uma vida melhor. Ela trabalha em turnos de 12 horas e diz que não tem tempo para conhecer e se conectar com novas pessoas.

Mas ela decidiu que este ano fará “o que for preciso” para ter um filho. “Percebi que não havia nada que me impedisse de me tornar mãe se eu pudesse sustentar meus filhos, dar-lhes amor e uma boa educação”, diz ela.

Nyakno planeja conceber naturalmente, mas se isso não funcionar, ela tentará fertilização in vitro ou barriga de aluguel. No entanto, ela não planeja contar ao pai biológico seus planos até que esteja grávida.

Nyakno diz que sua família aceita seus planos não convencionais e a apoiará como mãe solteira.

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