Quarta-feira, 23 de Outubro de 2024

Home Economia As projeções do mercado financeiro para a inflação ao fim do ano chegaram pela primeira vez a 4,50%

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A expectativa de analistas do mercado financeiro compiladas no Boletim Focus, do Banco Central (BC), apontou alta de 4,39% para 4,5% — em apenas uma semana — na previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). É a primeira vez no ano que a projeção atinge o teto da meta de inflação, que é de 3% mais 1,5 ponto percentual de tolerância para baixo ou para cima.

E o pior: o dólar, 17,5% mais alto no ano, e a seca que ainda pressiona preços de energia e alimentos, como a carne, podem levar o índice de preços a ultrapassar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2024.

“Quando se olha para a frente, é difícil ter otimismo. O dólar dificilmente vai cair fortemente, não está chovendo, e o preço da carne não vai voltar a cair tão cedo. Uma coisa que poderia ajudar é a queda do preço do petróleo, mas com o dólar nesse nível e a tensão no Oriente Médio, é difícil ter alívio por aí”, afirma Luís Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, que revisou sua projeção para a inflação de 2024 de 4,40% para 4,60%.

Daniel Xavier, economista-chefe do banco ABC Brasil, ainda prevê IPCA de 4,5% este ano, mas diz que o número “está no limite”. Ele avalia que uma pequena alteração no quadro atual levará a taxa a estourar o teto da meta, o que obrigaria o presidente do Banco Central a divulgar, no início do ano que vem, uma carta aberta explicando os motivos do não cumprido do objetivo fixado para 2024.

“Daqui até o fim de ano, as previsões devem ficar oscilando no teto de 4,5%. Há uma rigidez inflacionária. Se o câmbio ficar em R$ 5,70 (ontem fechou a R$ 5,69) e as passagens aéreas subirem mais do que o esperado no período festivo de fim de ano, a inflação vai para cima. Estamos vivendo no limite no IPCA”, afirma Daniel Xavier.

Os analistas também subiram a previsão de inflação de 2025, de 3,96% para 3,99%. De acordo com Fábio Romão, economista sênior da LCA Consultores, o principal vetor para a subida das estimativas é a alimentação no domicílio.

No fim de agosto, há um mês e meio, a previsão era de alta de 4,9% no ano. Agora, está em 7%. Leal, da G5 Partners, projeta 8% para esse grupo de produtos.

Os alimentos mais pressionados são as carnes, cujas projeções de preços dispararam. Em 23 de agosto, Romão previra alta de 1,3% no ano. Na última quarta-feira, revisou para 8%. Leal também subiu sua estimativa para a inflação cheia por causa das carnes.

“Além da entressafra (o pasto fica seco e o pecuarista tem que alimentar o gado com ração, com um custo maior), o preço da arroba caiu nos dois últimos anos. Isso levou pecuaristas a abaterem matrizes, o que diminuiu a oferta de carne. Não é um problema só da seca. O preço da arroba do boi subiu quase 16%. Já apareceu 6% no atacado, 2% no varejo. Vai continuar subindo”, explicou Leal.

Dólar e preços industriais

Outro impacto da seca se deu na conta de luz. Para este mês, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fixou bandeira vermelha 2, que acresce R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. A medida veio para economizar água nos reservatórios das hidrelétricas.

“Não faz muito tempo, previa-se bandeira verde (sem acréscimo na conta de luz) no fim do ano. Agora, há um bom número de analistas já prevendo vermelha 1 (R$ 4,46 de acréscimo)”, afirma Romão.

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