Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024

Home Variedades AVC aos 40 anos: como evitar problema que matou Michelle Mibow, musa do carnaval

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Entre as causas mais comuns de morte no Brasil, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) tem atingido, cada vez mais, pessoas jovens. Além de sintomas de alerta da doença, como tonturas, vertigens, visão dupla e cefaleia, também é importante ter atenção aos fatores de risco que predispõem principalmente a população mais jovem a desenvolver um AVC. Em 2021, a doença foi responsável por mais de 100 mil óbitos no País.

Na segunda-feira (7), um dos grandes destaques do carnaval paulista, a passista Michelle da Costa Chaga, conhecida também como Michelle Mibow morreu após sofrer um AVC aos 40 anos. Felipe da Costa Chaga, irmão da passista, disse que Michelle foi vítima de um AVC isquêmico. Ele contou ainda que ela estava realizando exames para entender os sintomas de labirintite e muitos enjoos que vinha sentindo nos últimos meses. Aurélio Alves, amigo da passista, disse que ela estava tomando um remédio para labirintite.

“Cada vez mais identificamos comorbidades em jovens, tais como: hipertensão arterial, diabete, uso abusivo de álcool, sedentarismo e obesidade. São fatores que predispõem a incidência de um AVC na população mais jovem”, alerta Daniel Damiani, neurologista da unidade Morumbi do Hospital Leforte. Ou seja, ao manter uma vida saudável ainda na juventude, a pessoa reduz o risco de ter um derrame cerebral.

O que é um Acidente Vascular Cerebral (AVC)?

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea, de acordo com o Ministério da Saúde. É uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo.

Quais os tipos de AVC?

O AVC isquêmico é causado por uma obstrução aguda de uma artéria cerebral, reduzindo o fluxo de sangue para uma determinada região do cérebro, lesionando assim as células nervosas com prejuízo da função. Segundo o neurologista da unidade Morumbi do Hospital Leforte, esse é o tipo mais frequente de AVC, correspondendo a 85% dos casos.

O outro tipo, chamado de hemorrágico, com ruptura de um vaso sanguíneo e extravasamento de sangue, também compromete a função neuronal, correspondendo a 15% dos casos. “Clinicamente não há como diferenciá-los. Apenas por neuroimagens é possível chegar ao diagnóstico”, acrescenta Damiani.

Por que acontece?

O AVC isquêmico tem diversas causas, como aterosclerose (doença inflamatória, caracterizada pelo enrijecimento e obstrução dos vasos sanguíneos devido à formação de placas de gordura), arritmias cardíacas (como fibrilação atrial), doenças hematológicas, reumatológicas, autoimunes, bem como infecções. Já o AVC hemorrágico, classicamente, pode ocorrer por aumento abrupto da pressão arterial.

Quais os sintomas indicam sinais de alerta?

Quaisquer sintomas devem ser investigados e valorizados pelos pacientes, entre eles, tonturas, vertigens, fraqueza, alteração de sensibilidade, visão dupla e cefaleia. “Mesmo que sejam transitórios, esses sintomas merecem atenção e, muitas vezes, uma investigação complementar”, afirma o neurologista da unidade Morumbi do Hospital Leforte.

No caso de Michelle, há relatos que ela estava sentindo tonturas, enjoos e teve desmaios. Segundo o neurologista, poderiam ser sinais de que a circulação sanguínea já encontrava algum grau de obstrução, anunciando que algo mais grave como a oclusão total estaria por acontecer.

Os principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC, segundo o Ministério da Saúde, são: Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; Confusão mental; Alteração da fala ou compreensão; Alteração na visão (em um ou ambos os olhos); Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar; Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente

Os sintomas do AVC surgem de maneira repentina, sendo os mais comuns: Boca torta/rosto assimétrico; Dificuldade para falar ou sorrir; Perda de força em um dos lados do corpo; Dificuldade para levantar os braços; Dificuldade para caminhar; Perda ou alteração da visão; Dormência ou formigamento no rosto, braços ou pernas.

“Os sintomas do AVC variam de acordo com a região afetada do cérebro. Cada região do cérebro é responsável por uma função específica. Possuímos uma região responsável pela linguagem, outra pelos movimentos, outra pela sensibilidade e assim por diante”, acrescenta Daniel Abud, médico coordenador do serviço de neurorradiologia intervencionista do Hospital Nove de Julho, da Dasa.

Mas é comum ter um AVC aos 40 anos?

Conforme Damiani, do Hospital Leforte, tem se tornado cada vez mais frequente uma pessoa com 40 anos ter AVC, o que preocupa muito os especialistas. “Cada vez mais identificamos comorbidades em jovens, tais como: hipertensão arterial, diabetes, uso abusivo de álcool, sedentarismo e obesidade. São fatores que predispõem a incidência de um AVC na população mais jovem”, alerta o neurologista.

Paralelamente, ele acrescenta que estão cada vez mais avançadas as técnicas diagnósticas por neuroimagens, o que facilita no diagnóstico de um Acidente Vascular Cerebral.

Segundo Abud, até 15% dos AVCs isquêmicos ocorrem em pacientes com menos de 60 anos. “Nesta faixa etária, outras causas tornam-se mais comuns, como as dissecções arteriais, por exemplo. Na dissecção, ocorre uma pequena lesão como um rasgo na parede da artéria, podendo causar a obstrução e, logo, suas consequências”, acrescenta ele.

“Quanto mais avançada a idade, maior o risco de ocorrência de um evento isquêmico, que pode ser um AVC ou também um infarto. Mas o que nós estamos vendo nos últimos anos é que tem aumentado a incidência, mesmo em pacientes mais jovens, abaixo de 40 anos, e isso parece ter a ver com um estilo de vida e hábitos de vida que não são saudáveis, isso pode levar a uma manifestação da doença mais precoce”, completa Ricardo Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) e cardiologista intervencionista.

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