Quarta-feira, 08 de Janeiro de 2025

Home Economia Bancos projetam mais um ano sem novas operações de abertura de capital de empresas na Bolsa brasileira, depois do “boom” registrado entre 2020 e 2021

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Ainda sob o impacto do pacote de corte de gastos anunciado no fim de novembro pelo governo (considerado por muitos analistas como insuficiente para dar maior sobrevida ao arcabouço fiscal) e com a taxa de juros em alta, o mercado financeiro avalia que 2025 deverá repetir os últimos três anos e, provavelmente, fechar sem nenhuma operação de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa brasileira.

Essa “seca” acontece após o “boom” de entradas em 2020 e 2021, quando 74 empresas protagonizaram uma corrida rumo à B3. O último IPO registrado pela Bolsa local foi o da Vittia, empresa de insumos e tecnologia para o setor agrícola, em setembro de 2021. Nesse ambiente, as Bolsas dos Estados Unidos podem ser uma opção, e já há relatos de empresas sondando bancos interessadas em listar suas ações em Nova York.

No Brasil, uma das condições essenciais para haver uma oferta é de alguma expectativa de corte de juros, o que, para os economistas, no melhor dos cenários só deve ocorrer a partir do próximo ano, a depender do cenário fiscal. Pesquisa do Bank of America com gestores latino-americanos mostra que a maioria ainda vê a Selic acima de 12,5% em dezembro de 2025, com parte acreditando em taxa até acima de 15%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já antecipou mais duas altas de um ponto porcentual da taxa básica de juros nas reuniões deste mês e em março, o que levaria a Selic a 14,25% ao ano. O colegiado tem citado incertezas no setor externo, ligadas principalmente ao novo governo de Donald Trump nos EUA, e também o aumento das previsões para a inflação e o endividamento público.

“Taxa de juros para cima e IPO são duas coisas que não combinam”, afirma o chefe do banco de investimento do Santander Brasil, Leonardo Cabral. Em uma virada de ano marcada pela incerteza, o banco não arrisca fazer uma previsão de quando as ofertas devem voltar em 2025, mas prevê que, se acontecerem, serão limitadas a poucas companhias.

O Bradesco também mantém o ceticismo: “As chances de algum IPO em 2025 estão reduzidas”, disse o vice-presidente do banco, Bruno Boetger. Segundo ele, no momento não há sinais de que alguma nova listagem ocorra neste ano.

De qualquer forma, a visão nos bancos de investimento é de que grandes companhias seguem tendo a maior chance de emplacar um IPO. Nomes como Votorantim Cimentos, CSN Cimentos e a gigante de saneamento Aegea são apontados como candidatos com maior potencial, em uma lista que já tem mais de 60 nomes. (Estadão Conteúdo)

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