Sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2025

Home Política Bolsonaro deveria estar dizendo “sou inocente”, e não pedindo anistia, diz Lula sobre denúncias

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nessa quinta-feira (20) que o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro estar defendendo a anistia (perdão) a acusados de cometer atentados contra o Estado democrático de direito e tramar um golpe de Estado é, em sua visão, uma confissão de culpa.

“As pessoas que ficam querendo antecipar uma discussão sobre anistia estão acusando. Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, está provando que é culpado, que cometeu crime. Ele deveria estar falando ‘vou provar minha inocência’”, disse Lula em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.

“Ele [Bolsonaro] deveria estar dizendo ‘sou inocente, vou provar minha inocência’. Mas está pedindo anistia. Ou seja, ele está dizendo: ‘Gente, eu sou culpado. Tentei bolar um plano para matar o Lula, o Alckmin, o Alexandre de Moraes, não deu certo porque tive uma diarreia, fiquei com medo, tive que voar para os Estados Unidos”, seguiu Lula.

Lula disse, ainda na entrevista, que o processo vai mostrar que a Justiça é “verdadeiramente para todos”. E defendeu – como vem fazendo desde que foi preso no âmbito da operação Lava Jato em 2018 – que os acusados tenham direito à ampla defesa e ao contraditório.

Na terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República denunciou Jair Bolsonaro e outros 33 suspeitos de terem arquitetado uma tentativa de golpe entre 2021 e janeiro de 2023 para impedir a derrota de Bolsonaro nas urnas e a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A delação de Mauro Cid, que embasou parte dessa e de outras investigações, foi tornada pública pelo relator dos inquéritos, Alexandre de Moraes.

“Consciência tranquila”

Em sua primeira declaração pública após a manifestação da PGR, Bolsonaro também afirmou que está com a “consciência tranquila”.

“Não tenho obsessão pelo poder. Tenho paixão pelo nosso Brasil. Ao contrário de alguns poucos aqui, em Brasília, que no momento mandam muito, eu estou com a consciência tranquila. [Eles] nada mais têm contra nós do que narrativas. Todas foram por água abaixo. Investiram pesadamente agora nessa última: golpe”, declarou o ex-presidente em um evento para filiados do PL.

A PGR apontou Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que praticou atos contra a democracia e que tinha um “projeto autoritário de poder”. No documento, a procuradoria pediu que o ex-presidente seja condenado por cinco crimes: liderança de organização criminosa armada, ⁠tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, ⁠golpe de Estado, ⁠dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união, e ⁠deterioração de patrimônio tombado.

O ex-presidente zombou, no evento partidário, das conclusões da Procuradoria-Geral da República. Jair Bolsonaro disse que todo o processo se resume a um “golpe da Disney”, uma referência à sua viagem aos Estados Unidos depois de deixar o Planalto.

“Eu estava lá [nos Estados Unidos] com o Pato Donald e o Mickey e tentei dar o golpe no dia 8 de janeiro aqui”, afirmou.

Caberá ao Supremo avaliar e decidir se acolhe ou rejeita a denúncia. Se for aceita, Bolsonaro se tornará réu e responderá a um processo penal no STF, podendo ser condenado pelos crimes descritos na acusação e preso. Somadas, as penas máximas previstas para os crimes imputados pela PGR a Bolsonaro podem chegar a quase 40 anos.

A uma plateia cheia de aliados e apoiadores, Jair Bolsonaro ironizou, ainda, sua eventual prisão.

“O tempo todo [falam]: ‘Vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para prisão!”, disse. Ao longo de todo o discurso, Bolsonaro se apresentou como pré-candidato à Presidência da República em 2026.

Pelas regras da Justiça Eleitoral, o ex-presidente não poderá, porém, disputar o pleito. Bolsonaro está inelegível até 2030, por condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Jair Bolsonaro disse que podem existir pessoas “mais preparadas” do que ele, mas que somente ele tem o “couro mais grosso”. O ex-presidente fez, ainda, apelos aos correligionários para que deem a ele “50% [dos deputados eleitos] para a Câmara e 50% [dos senadores eleitos] para o Senado” em 2026. As informações são do portal de notícias g1.

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