Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024

Home Política Bolsonaro fracassou duas vezes em curso para ser um “kid preto”

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Em 2019, durante uma sessão solene na Câmara dos Deputados, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) compartilhou uma experiência pessoal significativa ao relatar suas tentativas frustradas de ingressar nas Forças Especiais do Exército, uma unidade de elite conhecida como “kids pretos”.

Em seu discurso, Bolsonaro revelou que tentou, por duas vezes, ser aprovado no Curso de Comandos, mas acabou sendo reprovado nos exames preparatórios, que não envolviam testes físicos. “Tentei, mas fui deixado para trás”, lamentou o ex-presidente, demonstrando uma sensação de frustração por não ter conseguido completar o curso.

Ele destacou ainda o desejo de ter avançado na carreira militar e, quem sabe, ter sido aprovado para ingressar nas Forças Especiais, um dos grupos mais seletivos e prestigiados do Exército. “Gostaria de ter tentado, e, quem sabe, se tivesse tido sucesso, poderia ter seguido para as Forças Especiais. Não consegui, mas estamos juntos nessa missão de proteger nosso País”, disse Bolsonaro.

Essa fala foi registrada em vídeo e postada no canal oficial de Bolsonaro no YouTube em 15 de julho de 2019, e gerou discussões na época, especialmente pelo uso do termo “kids pretos”, que se referia ao batalhão de elite das Forças Especiais.

Nos últimos tempos, esse termo voltou a ganhar notoriedade, mas por um motivo bem diferente. Membros desse grupo passaram a ser investigados por seu envolvimento em um plano de golpe de Estado articulado após a eleição de 2022. A Polícia Federal prendeu quatro integrantes do batalhão, incluindo o general da reserva Mário Fernandes, ex-assessor direto de Bolsonaro, que também havia discursado na mesma sessão de 2019.

Mário Fernandes, ex-secretário-executivo do Palácio do Planalto, é uma figura central na apuração desse esquema golpista. Ele está sendo investigado por sua participação em um plano para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice eleito Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral à época. Além disso, Fernandes teria atuado na coordenação de atos antidemocráticos em Brasília, fomentando um ambiente de radicalização no pós-eleição.

A Operação Contragolpe, que investiga esse plano de golpe, fez referência ao ex-presidente Bolsonaro, sugerindo que ele teria alterado um documento que seria a “minuta do golpe”, o que aumentou ainda mais a atenção em torno do seu envolvimento. No entanto, Bolsonaro tem negado veementemente qualquer participação na trama, afirmando que não esteve envolvido em ações ilegais ou na articulação de um golpe contra a democracia brasileira.

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