Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de fevereiro de 2025
Às vésperas de uma possível denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por participação em uma suposta trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro retomou os ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o tornou inelegível até 2030, e tem buscado apoio entre dirigentes partidários para um projeto, em tramitação no Congresso, de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.
Esse é o mote defendido pelo ex-presidente para ser encampado por seu partido, o PL, em vez do impeachment do presidente Lula, como defende parte de seus correligionários, na esteira do tombo na popularidade do petista apontada pelo Datafolha na última semana.
Por 5 a 2, o TSE condenou em 2023 o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação ao atacar, sem provas, as urnas eletrônicas em uma reunião com embaixadores durante sua campanha à reeleição.
Bolsonaro voltou a elevar o tom e questionar a integridade do processo eleitoral em uma transmissão ao vivo com apoiadores que moram nos Estados Unidos. Sem apresentar provas, o ex-presidente disse que o TSE teria recebido recursos estrangeiros para incentivar jovens de 16 anos a tirarem o título de eleitor — o que, segundo ele, teria beneficiado Lula em 2022, uma vez que a maioria do eleitorado nesta idade “votam na esquerda”.
Em outra frente, o ex-presidente também tem centrado críticas no atual governo, sobretudo na área econômica. Ele, porém, tem se posicionado junto a correligionários do PL, seu partido, contra a bandeira de impeachment do petista. A postura de Bolsonaro de ir contra a pauta tem irritado quadros da sigla.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o ex-presidente pede que a oposição foque na bandeira “Fora Lula em 2026”, além de outros temas como “liberdade de expressão, segurança e custo de vida”. A postagem foi republicada por nomes do bolsonarismo, como o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o senador Jorge Seif (PL-SC).
A orientação já tem refletido em mudança de tom nas postagens de aliados do ex-presidente. Se no mês passado posts que inflamavam a base bolsonarista a pedir o afastamento do atual presidente eram frequentes, o assunto perdeu fôlego nos últimos dias.
Entre os parlamentares que haviam se manifestado neste ano pelo impeachment do presidente Lula estão os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Kim Kataguiri (União-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Gustavo Gayer (PL-GO), além dos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Damares Alves (PL-DF). A bandeira de impeachment foi gestada por um grupo de parlamentares mais radicais da sigla e visto sem chance alguma de prosperar pelas lideranças do Congresso.
Um projeto de anistia tramita na Câmara, onde encontra dificuldades para avançar, mas Bolsonaro também tenta alinhavar um acordo para que a medida não trave no Senado. Na semana passada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), recebeu familiares de um dos condenados pelo ato golpista, mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) não.
Apesar disso, há uma aposta do bolsonarismo de que Alcolumbre fará acenos à oposição nesse tema. A avaliação do grupo é de que ele já começou o mandato de presidente do Senado pensando na reeleição em 2027.
O presidente do Senado já acenou à oposição ao construir acordos que resultaram na escolha de Flávio Bolsonaro para o comando da Comissão de Segurança Pública e de Damares na Comissão de Direitos Humanos. Além disso, o vice-presidente do Senado é Eduardo Gomes (PL-TO), do partido do ex-presidente. As informações são do portal de notícias O Globo.
No Ar: Pampa Na Tarde