Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 8 de abril de 2023
Na operação de uma hidrelétrica, água jorrando pelo vertedouro é energia que deixa de ser produzida. É com essa água que seria desperdiçada que o Brasil está gerando energia para vender a outros países. Os compradores são Argentina e Uruguai.
No primeiro trimestre deste ano, o Brasil gerou, em média, 1.153 megawatts por mês de energia para o Uruguai e a Argentina, volume equivalente a todo o consumo do estado de Mato Grosso no mesmo período.
É primeira vez que o Brasil comercializa excedente energético de hidrelétricas com esses países. Isso só se tornou possível pela situação hídrica favorável. No último mês, o nível dos reservatórios do país chegou a 85%, a melhor condição de armazenamento dos últimos 16 anos.
No início do ano, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico, usinas hidrelétricas foram obrigadas a liberar água sem gerar energia.
“Enquanto nós tivermos superávit de energia sem mexer com os nossos reservatórios, sem diminuir o nível dos nossos reservatórios, nós queremos, sim, continuar ampliando esse comércio e essa relação”, afirma Alexandre Silveira, o ministro de Minas e Energia.
As negociações com os países vizinhos são mediadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
“Os países vizinhos dizem qual a quantidade de energia que eles querem adquirir e nós da CCEE dizemos o preço dessa energia. Em havendo concordância das duas partes, o valor é acertado e, no dia seguinte, essa energia é enviada para os países compradores”, explica Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.
Arrecadação
Uruguai e Argentina são hoje os principais consumidores da energia brasileira por causa da infraestrutura de transmissão que já existe entre os países. Tanto na Argentina quanto no Uruguai, a principal fonte de energia é a termoelétrica que, além de mais poluente, é mais cara para ser produzida.
Até março, o Brasil arrecadou mais de R$ 340 milhões com a energia exportada.
“Esse valor que entra, entra para as usinas e, com isso, barateia o custo da energia que vai ser consumida. Você tem uma redução de custos proveniente que, daqui um determinado tempo, vai se refletir em um aumento não expressivo de energia elétrica. Ao invés dela aumentar muito mais, ela vai aumentar um pouco menos no próximo reajuste que for feito pela Aneel”, diz Walber Ferreria Braga, professor da Universidade Federal de Integração Latino-Americana.
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