Sábado, 16 de Novembro de 2024

Home Agro Brasil aumenta concentração, mas mantém volume de captação de leite

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Apesar de ter uma das maiores margens no preço pago pelo leite na América Latina, o Brasil segue com o volume de captação estagnado, assim como seus vizinhos do Mercosul. Um levantamento da Embrapa Gado de Leite apresentado em reunião da Aliança Láctea e debatido pelas indústrias gaúchas nesta terça-feira (28) indica que o preço por litro no Brasil em 2022 é de US$ 0,56, bem acima do valor praticado no Uruguai (US$ 0,42), Argentina (US$ 0,37) e Chile (US$ 0,44).

Apesar dos altos custos de insumos no país, o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock relata que os dados confirmam que o leite é uma atividade rentável quando praticada em escala. “Pode estar ruim para alguns, mas não para todos. O que vemos é uma tendência de concentração mundial da produção, e isso acontece no Brasil também. Verifica-se um aumento de escala nas grandes propriedades, uma maior produção por animal, o que compensa o abandono de alguns produtores. Por outro lado, a produção não reage”, explica, lembrando que a situação no Sul é um pouco mais favorável do que nas demais regiões do país.

Indicadores da Embrapa sinalizam para a concentração da atividade em propriedades com maior escala e redução de rebanho. Atualmente, 2% dos estabelecimentos em operação no Brasil produzem 30% de todo leite captado. E essa transformação avança com aumento médio de 1% da produção das fazendas em operação, que, em 2021, atingiu 31 litros/fazenda/dia. A produção por vaca também vem crescendo ao longo do tempo. Em 2015, a produtividade média era de 1.615 litros por vaca/ano, valor que atingiu 2.181 litros em 2021.

As transformações do setor lácteo, alega o pesquisador, são reflexos de um envelhecimento na gestão e da falta de sucessão. Quando os filhos resolvem ficar na atividade, justifica ele, geralmente o fazem com incremento de tecnologia nos processos produtivos, que auxiliam no ganho de escala e tecnificação. 

Um relato que corrobora essa informação é o investimento no campo, alerta o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini. Dados da Emater indicam avanço do uso de robotização na ordenha nos municípios do Rio Grande do Sul. Em 2019, havia registro de apenas quatro unidades em operação no estado, número que saltou para 110 em 2021. Atualmente, completa Palharini, estima-se 300 unidades em operação nos tambos gaúchos, o que deve se apresentar no próximo Relatório Socioeconômico da Cadeia do Leite da Emater/RS, que será lançado ainda este ano.

Durante a reunião, que foi conduzida pelo presidente do Sindilat, Guilherme Portella, ainda se tratou de encaminhamentos referentes à aprovação do treinamento continuado que será realizado em parceria com a Universidade de Passo Fundo (UPF). A formação em qualidade do leite, em seu primeiro módulo, será voltada para a etapa de laboratoristas, o que foi muito bem recebido pelos associados.

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