Sábado, 23 de Novembro de 2024

Home Economia Brasil vai importar picanha do Canadá e vender carne “magra”

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O consumidor brasileiro vai passar a comer picanha de gado canadense – ao menos, o consumidor que puder pagar por isso. O acordo comercial de carnes firmado nesta semana entre o Brasil e o Canadá vai incluir, como contrapartida, a entrada de cortes canadenses “mais gordos” em território nacional.

A carne brasileira que será exportada, majoritariamente, é a do gado zebu, uma carne mais magra e que costuma ser utilizada no mercado internacional para produção de alimentos industrializados. Do lado canadense, porém, o que predomina são raças de origem europeia, como o angus, que tem a característica de ser uma carne mais entremeada de gordura.

A JBS Foods, que já tem unidade no Canadá, deve centralizar boa parte dessas transações, levando cortes brasileiros até os canadenses e, paralelamente, despachando picanha e demais cortes para o consumidor brasileiro a partir de sua base em Calgary.

Pelas regras atuais de comércio internacional, o Canadá administra uma cota de importação de até 76 mil toneladas de carne por ano. O Brasil vai entrar na disputa de parte dessa cota e deve disputar espaço com o Uruguai, que hoje exporta cerca de 15 mil toneladas de carne aos canadenses.

Nesta semana, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, estava no Canadá, quando anunciou a abertura do mercado e o fato de que o Brasil ultrapassou a marca de 200 novos mercados externos para produtos agropecuários abertos desde o início de 2019.

Para a carne bovina, a exportação está liberada para todos os Estados que ainda fazem a vacinação de rebanhos contra a febre aftosa. No caso da carne suína, por enquanto a exportação só está autorizada para os frigoríficos de Santa Catarina, único Estado que já é reconhecido como livre de febre aftosa, peste suína clássica e peste suína africana. O ministério entrou com um pedido de reconhecimento do Paraná e do Rio Grande do Sul como estados livres dessas três doenças.

Hoje o maior vendedor de carne e demais alimentos para o Canadá são os Estados Unidos, país que tem relação de livre comércio com os canadenses e que, portanto, não disputa cotas de importação. O Brasil passaria a ter esse mesmo tratamento, caso o acordo Mercosul-Canadá seja consumado, o que ainda não aconteceu.

Fertilizantes

As negociações com o Canadá para ampliar a importação de fertilizantes ao Brasil devem resultar na entrada de aproximadamente 400 mil toneladas do insumo no Brasil, um volume 10% superior ao que os canadenses já exportam para o País, algo em torno de 4 milhões de toneladas por ano.

Essa é a projeção que foi apresentada à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na viagem que fez ao Canadá, nesta semana. O governo brasileiro tenta buscar alternativas de importação do insumo, devido às dificuldades impostas pela guerra entre Rússia e Ucrânia. A Rússia é o maior vendedor de fertilizantes para o Brasil, que agora busca alternativas para evitar o eventual desabastecimento deste insumo fundamental para a produção agrícola.

As tratativas do Brasil com o Canadá não envolvem acordos comerciais entre os dois países, mas sim contratos diretos entre empresas privadas. Do lado do governo, o que coube à ministra Tereza Cristina, além da sinalização política e diplomática, foi a garantia de que irá reduzir ao máximo a burocracia alfandegária nos portos brasileiros, acelerando a entrada dos navios canadenses no Brasil, com prioridade nas filas de entrega. Sobre impostos, não há mais o que fazer, porque todos os tributos brasileiros já foram retirados.

O porto de Paranaguá é a principal porta de entrada dos fertilizantes. Em 2021, 11 milhões toneladas do insumo entraram no Brasil pelo porto paranaense, um crescimento de 14,5% em relação a 2020. Sozinho, Paranaguá respondeu por 28% do total importado por todos os portos nacionais.

As empresas canadenses Mosaic e Nutrien, que já atuam no Brasil, controlam praticamente 85% da produção de fertilizantes naquele país. Juntas, elas também são donas da empresa Canpotex, que faz toda parte de negociação e logística dos insumos, desde a saída das minas, até seu embarque em navios e entrega em outros países, como o Brasil. Tereza Cristina se encontrou com os executivos dessas empresas, em sua passagem pelo Canadá.

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