Sexta-feira, 27 de Setembro de 2024

Home em foco Brasileira foge com quatro filhos de bombardeio no Líbano

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A brasileira Ronara Kely Rodrigues relatou na tarde dessa quarta-feira (25) em entrevista o “filme de terror” que tem vivido nos últimos dias em meio aos bombardeios no Líbano. A cabelereira tem quatro filhos e precisou fugir da comunidade onde mora no sul do país em direção à capital Beirute.

Os bombardeios israelenses no Líbano se intensificaram nos últimos dias. Na segunda-feira, mais de 560 morreram nos ataques direcionados ao grupo extremista libanês Hezbollah, no dia mais sangrento desde a guerra do Líbano, em 2006.

Ronara está abrigada em uma escola e, emocionada, contou que tudo que construiu nos 15 anos em que vive no país foi destruído nos ataques: “É muito difícil, muito difícil mesmo… A minha casa foi bombardeada pelos ataques aéreos e eu saí mesmo debaixo das bombas, foi muito difícil mesmo, bomba de um lado, bomba de outro, quando eu saí de casa o trânsito também estava tudo fechado e as bombas caíam de um lugar para o outro, já jogava nos carros aonde as pessoas já começavam a gritar, uma gritaria, e você não sabia se você morreria ali. […] E foi uma fuga, realmente só por Deus, eu saí da morte, é horrível. A minha casa, o meu salão, os meus sonhos, tudo… A gente trabalhou tantos anos para conquistar, e tudo acabou por uma bomba somente.”

Ronara é de Campo Mourão, no centro oeste do Paraná, e a família dela mora em Foz do Iguaçu, no oeste paranaense. Ela relata que precisou deixar a casa para trás em meio aos bombardeios e se deparou com o trânsito parado. Quando chegou a Beirute, precisou dormir na rua até conseguir abrigo na escola.

A brasileira conta que a situação vem piorando no país há cerca de duas semanas. De acordo com ela, antes eram apenas ameaças de bombardeios e as pessoas ainda estavam conseguindo ir trabalhar.

“A ameaça acabou e a guerra está aberta e têm muitas pessoas morrendo, têm casas sendo derrubadas, você não sabe se você está em casa e a bomba cai em cima da sua cabeça. Você está sempre ali, na janela, procurando e olhando… Você não pode dormir, você não fecha os olhos, não sabe quando a bomba está caindo na sua cabeça, é realmente horrível”, afirma.

Agora, relata Ronara, os ataques acontecem no meio das ruas, destruindo tudo. “Você andando no mercado as pessoas já começam a correr: ‘Está caindo bomba, mataram três, quatro. […] A gente está num filme de terror”, relata.

Sem dormir há três dias, a cabelereira disse que ainda há muitos brasileiros no sul do Líbano à espera de ajuda, inclusive do Brasil. De acordo com a paranaense, eles não estão conseguindo sair de casa e têm medo de sair e acabar morrendo na rua.

Os ataques

Israel diz que está atacando o Hezbollah porque o grupo libanês não permite que os cidadãos israelenses que moram ao norte do país, que faz fronteira com o Líbano, retornem às suas casas. Eles foram deslocados por bombardeios do Hezbollah em território israelense, que duram desde o ano passado.

Com isso, a “nova fase da guerra” anunciada pelo Exército israelense, e nomeada de “Operação Flechas do Norte”, busca fazer com que os combatentes do Hezbollah deixem as regiões ao sul do Líbano.

O Hezbollah prometeu continuar com os ataques contra Israel até que a guerra em Gaza termine.

O conflito mais notável entre Israel e o Hezbollah foi em 2006, no episódio conhecido como Guerra do Líbano. A guerra durou cerca de cinco semanas e resultou em significativas perdas humanas e materiais de ambos os lados.

O conflito foi desencadeado pelo sequestro de dois soldados israelenses por membros do Hezbollah. Para Israel, o episódio foi uma gota d’água das tensões que se desenrolavam desde 2000. O governo israelense decidiu lançar um ataque em território libanês, deixando quase 1.200 mortos, majoritariamente civis, e cerca de um milhão de deslocados só dentro do país vizinho.

Para além da Guerra do Líbano, confrontos e escaladas de violência de menor proporção ocorreram em diversos outros momentos.

O bombardeio israelense dessa segunda (23) marcou o dia mais sangrento no Líbano desde a guerra de 2006.

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