Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 10 de fevereiro de 2022
A expressão popular “o céu é o limite” já nem cabe mais no vocabulário do pequeno Miro Latansio Tsai, que aos cinco anos de idade foi reconhecido como a pessoa mais jovem do mundo a identificar asteroides. Com uma paixão nata por planetas e estrelas, o brasileirinho descobriu 15 corpos celestes que foram aprovados em preliminares pelo International Astronomical Search Collaboration (IASC) e, posteriormente, serão confirmados pela Agência Espacial Americana (NASA).
A curiosidade da criança pela astronomia começou aos dois anos de idade, quando Miro passou a questionar os pais sobre a temperatura do sol e o motivo pelo qual a noite vinha acompanhada da lua. E durante um passeio ao Museu Catavento, em São Paulo, que a advogada Carla Latansio, mãe do astrônomo-mirim, percebeu que o filho tinha aptidão para a ciência: ao ver a sequência de planetas exposta na parede, ele começou a falar o nome de todos, um a um.
“Eu e meu marido não trabalhamos com nada relacionado à ciência. Esse episódio do museu foi surpreendente porque não tínhamos a menor ideia de que ele sabia o nome dos planetas. Ele provavelmente deve ter visto em desenhos e aprendido. Já com três anos, o Miro pedia para ver documentários sobre o espaço sideral e começava a contar para nós a existência de buracos negros. Essa foi a hora que a gente descobriu que não era um saber pontual, mas um gosto muito particular e amado por ele”, afirma a mãe.
Foi no período de pandemia que Miro teve a oportunidade de realizar o sonho de observar o céu mais de perto, momento em que os pais conheceram o projeto Caça Asteroides, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e inscreveu o filho. Com aptidão para manusear o programa usado para identificar corpos celestes, o menino localizou entre outubro e novembro do ano passado 15 corpos celestes nunca antes vistos.
A conquista inédita de Miro, que ainda vai para o primeiro ano do ensino fundamental em agosto deste ano, fez com que ele fosse convidado para a 18º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, onde recebeu um certificado de mérito do MCTI, da Iasc e da NASA por suas descobertas.
“Fiquei muito orgulhoso quando ganhei as medalhas. Eu adoro caçar asteroides para proteger o planeta. Vai que algum meteoro bate na terra e explode tudo? Igual aconteceu com os dinossauros, pode acabar a era dos humanos (sic)”, argumenta Miro, que também já ganhou um certificado da NASA por ter solucionado um problema galático no projeto Space Apps Challenge (Desafio de Aplicativos Espaciais, na tradução).
O projeto brasileiro que introduziu Miro na astronomia é o mesmo frequentado pela alagoana Nicole Oliveira, de oito anos, que antes do companheiro de descobertas ocupava a primeira posição entre as pessoas mais jovens do mundo a descobrir asteroides. Nicolinha, como é carinhosamente conhecida, recebeu o título de astrônoma amadora e foi premiada por encontrar 23 corpos celestes.
A paixão da menina pela astronomia foi o fator que mobilizou o MCTI a alterar suas políticas de participação e faixa etária, abrindo espaço para mais crianças que desejam seguir o mesmo caminho participarem do Caça Asteroides.
Crianças criam clubes de astronomia
Com o desejo de que mais pessoas se interessem pela astronomia, Miro e Nicolinha criaram clubes virtuais para ensinar crianças, adultos e até mesmo idosos a buscarem asteroides. O menino possui um perfil no Instagram com mais de 340 seguidores e um grupo no Whatsapp chamado “Clubinho do Miro”, onde são compartilhados os conhecimentos sobre a área.
“Eu gravo vídeo e ensino pessoalmente na escola. Eu gosto muito de ajudar meus amigos”, diz o pequeno.
Já Nicolinha, como não conseguia estar junto aos amigos presencialmente no IASC durante o período de pandemia da Covid-19, criou o seu próprio Clube de Astronomia infantil online. Em pouco mais de um ano, a iniciativa conta com a participação de mais de 70 crianças de diferentes regiões do país, que aprendem junto a ela e especialistas do programa da NASA curiosidades do espaço sideral. Outros projetos criados pela futura engenheira aeroespacial foram canais no YouTube e Instagram, também usados para difundir a ciência. Juntas, as redes somam mais de 23 mil seguidores.
“Eu falei para a minha mãe que não queria parar de estar junto com as crianças. Eu amo explicar sobre as estrelas, Saturno e é muito legal ficar, às vezes, até de noite falando sobre astronomia”, contou Nicole.
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