Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2025

Home em foco Brasileiros mudam rotina nos Estados Unidos por medo da deportação: “Terror”

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Desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro, Donald Trump anunciou uma série de ordens executivas relacionadas à imigração, abrindo caminho para um esforço generalizado de repressão a migrantes sem documentos nos Estados Unidos.

Entre as mais de 21 ações, Trump liberou a detenção de imigrantes em igrejas, escolas e clínicas. Além disso, agentes como os policiais do Departamento Antidrogas do país ou os Marshals, como são conhecidos alguns agentes federais de busca a foragidos, receberam ordens para também fazerem a detenção de imigrantes irregulares.

Desde então, a caixa de mensagens do influenciador mineiro Junior Pena, popular entre a comunidade de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, tem se enchido com relatos de famílias vivendo assustadas no país.

São pessoas que mudaram a rotina, passaram a evitar sair de casa e até cogitam voltar o mais rápido possível ao Brasil diante das notícias do cerco do presidente Donald Trump a imigrantes sem documentos, conta Pena, que tem mais de 1 milhão de seguidores no TikTok e vive nos EUA há 15 anos.

Em declarações à imprensa, membros do governo americano e a Casa Branca têm dito que o foco das operações são imigrantes “criminosos” que ameaçam “a segurança pública e a segurança nacional”. No entanto, os relatos sobre pessoas que não cometeram crimes nos EUA, mas foram detidas mesmo assim, têm assustado a comunidade brasileira.

Na quinta-feira, por exemplo, o prefeito de Newark (Nova Jersey), Ras Baraka, um democrata, afirmou em um comunicado que agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) “invadiram um estabelecimento local… detendo residentes sem documentos, bem como cidadãos, sem apresentar um mandado.”

A CBS News reportou a história de uma mulher venezuelana detida em uma operação em Miami. Ela estava no meio do processo para conseguir a cidadania, com data marcada para audiência, disse o seu marido.

Nessa terça-feira (28), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse em sua primeira coletiva de imprensa do novo governo que qualquer pessoa que tenha migrado irregularmente é um criminoso para os EUA. “Se eles violaram as leis da nossa nação, eles são criminosos”, disse ela.

Leavitt acrescentou que Trump quer que todos os imigrantes ilegais sejam removidos — desde estupradores e assassinos até migrantes sem documentos e sem registros criminais.

Dano colateral

Mas as mensagens que chegam pelo WhatsApp têm alertado sobre o chamado “dano colateral”, um termo usado por autoridades americanas para designar imigrantes sem documentos, mas sem ficha criminal, que acabam sendo levados junto aos alvos primários dos agentes atualmente, aqueles com crimes pregressos.

“As pessoas estão bem assustadas e com muito medo. E a gente tenta cuidar, ver com quem está trabalhando, com quem está andando, porque se estiver próximo a alguém que tem problema, vai acabar sendo um dano colateral, né?!”, diz Dinorah*, moradora da Carolina do Norte que entrou no país com um visto de turismo e nunca mais partiu.

Terror psicológico

O influenciador Junior Pena acredita que essa primeira semana de Trump tem sido dias de “terror psicológico” para a comunidade de imigrantes brasileiros.

Outros brasileiros relatam que os grupos de WhatsApp estão fervilhando com vídeos de supostas blitzes policiais para pegar imigrantes — o que muitas vezes não se confirma.

O nível de tensão das pessoas aumentou após virem à tona notícias sobre maus tratos contra brasileiros no voo com deportados no último sábado (25/1).

Uma brasileira em Massachusetts escreveu uma mensagem à BBC News Brasil dizendo que está “por um triz de pegar meus filhos e ir embora”.

“Ninguém quer passar por aquilo, ficar acorrentando, sofrer no calor, ainda mais com filhos pequenos”, opina Pena.

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