Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

Home Saúde Calcinha absorvente: já consolidada entre as adolescentes, peça para menstruação cai nas graças de mulheres mais velhas

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Dificilmente alguém já não viu uma adolescente falar que usa ou ao menos tenha demonstrado interesse pelas calcinhas absorventes para a menstruação. Fato que fazia até pouco tempo atrás fazia as mais velhas torcerem o nariz. Mas o tempo comprovou que o acessório é extremamente prático e seguro (tudo o que uma mulher quer nesse período do mês).

À primeira vista, é como uma calcinha comum: não tem o volume característico do absorvente descartável nem abafa a região íntima. A peça é produzida com uma tecnologia capaz de absorver o sangue do ciclo menstrual mantendo a superfície seca. Os modelos costumam ter de três a quatro camadas de proteção — sendo a última impermeável, que reduz o risco de vazamentos. Muitos produtos também recebem tecnologia antiodor. E os modelos são variados, coloridos, e vão desde fio dental até minishorts.

Pesquisas de mercado estimam um crescimento global de 17,4% até 2030 nas vendas destes produtos.

No Brasil, as primeiras calcinhas absorventes foram produzidas pela marca Pantys, em 2017. Mas o produto ganhou espaço depois que a chef de cozinha e apresentadora Bela Gil, aos 30 anos, lançou modelos próprios, no ano seguinte. Ela conta que conheceu as calcinhas absorventes no período em que morou em Nova York, nos Estados Unidos.

E quanto à saúde, não há nenhuma contraindicação para o uso de calcinhas absorventes, garante Nathalie Raibolt, ginecologista e especialista em sexualidade.

Ela ressalta que as únicas pessoas que podem apresentar algum problema ao usar as calcinhas absorventes são as que têm alergia ou sensibilidade a tecidos do tipo lycra, com o qual algumas peças são feitas. Mas afirma que é difícil observar irritações causadas por esses produtos. E recomenda que se deve preferir sempre calcinhas com a maior quantidade possível de algodão.

Fluxo

Antes de escolher o modelo, é preciso conhecer seu fluxo menstrual. Algumas marcas não possuem peças que aguentam um fluxo intenso. Nestes casos, a calcinha pode ser usada como uma barreira a mais contra o vazamento menstrual para quem utiliza coletor ou absorvente interno ou até mesmo os externos descartáveis.

“O volume de fluxo da mulher muda de acordo com o dia. No primeiro ou no segundo, que costuma ser mais forte, é preciso usar uma calcinha de fluxo intenso. Usar uma de fluxo moderado, por exemplo, pode acabar gerando um certo constrangimento. Minha sugestão é que no começo se use a calcinha em um ambiente doméstico, onde a pessoa consiga contornar um possível vazamento”, orienta a ginecologista da Fiocruz.

Para evitar o vazamento, é preciso trocá-la no momento certo e isso no início pode ser mais difícil de detectar. A ginecologista recomenda que a mudança seja feita a cada seis horas, até mesmo para que possíveis resquícios de sangue não fiquem em contato com a vulva por muito tempo.

A lavagem da calcinha pode ser feita à mão e até na máquina de lavar, desde que se tire o excesso de sangue antes de usar o eletrodoméstico. As marcas costumam recomendar que as peças sejam colocadas de molho ou lavadas assim que a troca ocorrer, porque isso facilita a limpeza. Vale também lavar no chuveiro, com água morna, que segundo a médica até contribui para a melhor higienização da peça.

A depender da intensidade do ciclo menstrual e de sua disponibilidade de usar após o uso, o ideal é ter entre cinco e sete calcinhas. Elas duram, em média, três anos, diminuindo a eficácia de acordo com o passar do tempo.

Questão ambiental

Muitas mulheres optam pela calcinha absorvente por se preocuparem com o impacto dos produtos comuns na produção de lixo. Um estudo feito por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) estimou que 15 bilhões de absorventes são descartados em lixões no Brasil, por ano.

O Instituto Akatu, que atua na área de consumo consciente e sustentabilidade, estima que uma pessoa pode, desde a puberdade até a menopausa, produzir cerca de 200 quilos de lixo somente consumindo absorventes descartáveis. “Essa quantidade torna-se relevante diante do fato de que esses produtos contêm até 90% de plástico em sua composição e, na maioria das vezes, vão parar em aterros e lixões, pois a reciclagem deste tipo de resíduo é ainda embrionária no Brasil, levando muito tempo para se decompor no ambiente”, afirma a ONG.

Além do plástico que está efetivamente no absorvente descartável, ainda há aquele que envolve a unidade e o pacote no qual é embalado. Estudos apontam que o plástico leva cerca de 400 anos para se decompor na natureza, portanto, os absorventes descartáveis usados hoje vão impactar o meio ambiente por até quatro séculos.

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