Quinta-feira, 19 de Setembro de 2024

Home Política Candidatos “antipolarização” tentam fugir de Lula e Bolsonaro para evitar rejeição

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Principais líderes de seus campos políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm ficado sem espaço em cidades onde os principais candidatos na disputa pela prefeitura tentam fugir da polarização. Em ao menos sete capitais do País, concorrentes têm avaliado que se associar a um ou ao outro pode trazer mais prejuízo do que dividendos eleitorais.

É o caso de Fortaleza, capital do Ceará, onde o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) desponta como favorito, segundo levantamento mais recente do Datafolha. Ligado a pautas associadas à direita, como a segurança pública, Wagner foi aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o governo passado, mas diz ter se afastado do bolsonarismo pela “incoerência da extrema direita”.

Seu principal adversário na disputa é José Sarto (PDT), que aparece em segundo. O pedetista é o candidato de Ciro Gomes (PDT), que rompeu com Lula nas últimas eleições e passou a ser um crítico do governo petista.

“O País caiu nesse canto da sereia da polarização. Lula e Bolsonaro não tem nada a ver com as prefeituras. A polarização é uma idiotização do debate. Fortaleza é uma cidade complexa, que não se curva a hegemonias evidentes”, afirmou Sarto.

Os nomes de Bolsonaro, André Fernandes (PL), e de Lula, Evandro Leitão (PT), aparecem empatados em terceiro lugar na corrida pela prefeitura da capital cearense, bem longe dos líderes.

Pesquisa Ipec divulgada em março deste ano apontou que 47% da população prefere votar em candidatos que não sejam apoiados nem por Lula, nem por Bolsonaro. Enquanto isso, menos de um terço, 27%, preferiram votar em um candidato de Lula, e 20% em um candidato de Bolsonaro.

Quando questionados pelo levantamento sobre o que mais pesa em uma campanha eleitoral para decisão do voto, apenas 4% dos entrevistados citaram o fato de o candidato ser apoiado por Bolsonaro, e 5% citaram o fato do candidato ser apoiado por Lula. A maior parte, 37%, considera o debate entre os candidatos o ponto mais importante, 20% consideram as visitas ao local onde moram, e 17% acham mais importantes as notícias da imprensa.

“A lógica da eleição municipal é diferente. Essa é a esfera que mais afeta o dia-a-dia do cidadão, então ele escolhe de forma mais objetiva e menos ideológica”, disse a CEO do Ipec, Márcia Cavallari.

Esse raciocínio tem sido adotado pela campanha de Eduardo Pimentel (PSD), em Curitiba, capital do Paraná. Apesar de ter o apoio do PL, o atual vice-prefeito descarta levar Bolsonaro para seu palanque para evitar associações com o bolsonarismo. Por outro lado, forças políticas locais, como o atual prefeito, Rafael Greca (PSD), e o governador do estado, Ratinho Junior (PSD), são presença constante.

O deputado federal Luciano Ducci (PSB), por sua vez, não esconde ser o candidato de Lula, mas não há qualquer indicação de participação do petista em peças de propaganda ou atos de campanha. Curitiba foi o berço da Lava-Jato e onde o atual presidente foi preso em 2018.

Já em Campo Grande, Rose Modesto, do União Brasil, partido da base de Lula, concorre sem o apoio do PT, tampouco de Bolsonaro. É ela, contudo, quem desponta como favorita, com 34% das intenções de voto, segundo pesquisa Quaest de julho.

Em Goiânia, mesmo a candidata do PT, Adriana Accorsi, tenta se dissociar da imagem do petista para evitar carregar a alta rejeição que o partido têm na capital goiana. Accorsi ficou conhecida pela atuação na área de segurança pública. Ela foi delegada de polícia antes de ser deputada federal. O seu material de campanha não usa o vermelho, típico do PT, mas uma mistura de roxo, lilás e laranja, como uma suavização da cor partidária. Lula também não deve comparecer aos eventos de campanha em Goiânia.

Adversário de Accorsi na disputa, Vanderlan Cardoso, do PSD, partido que faz parte da base de Lula, se diz um candidato independente e também não fará menções a Bolsonaro.

“Nesse cenário, o melhor é ficar fora da polarização. O goianiense é conservador, mas não é reacionário. O eleitor quer ver pessoas que sabem dialogar, que não seja extremista”, disse ele.

Mesmo em regiões onde um dos lados se destacou em 2022, como em Teresina, no Piauí, o discurso de conciliação política ganhou força. No capital do Estado mais lulista do Brasil na eleição passada, o candidato do PT Fábio Novo, não esconde o presidente. No entanto, ele defende um governo de centro para a cidade e conseguiu reunir 12 partidos, incluindo o oposicionista PSDB, na aliança eleitoral.

Do outro lado, o ex-prefeito Silvio Mendes (União), candidato aliado de Ciro Nogueira (PP), ex-ministro de Bolsonaro, também foge da associação com o bolsonarismo e não quer o ex-presidente em sua campanha.

Em Santa Catarina, Estado onde Bolsonaro teve 62,2% dos votos no segundo turno de 2022, o prefeito de Teresina, Topázio Neto (PSD), é um aliado de primeira hora do governador bolsonarista Jorginho Melo (PL). Mesmo assim, não prevê a participação do ex-presidente na sua campanha à reeleição.

Para o principal adversário de Topázio, Dario Berger (PSDB), Florianópolis se destaca do restante de Santa Catarina, como uma cidade de centro. Berger, que foi do PSB e teve apoio de Lula na disputa ao Senado em 2022, agora prefere se desvincular da esquerda.

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