Segunda-feira, 23 de Setembro de 2024

Home Economia Captação de dinheiro para empresas brasileiras este ano atinge 13 bilhões de dólares e supera volume de 2023

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O volume de recursos captados por meio da emissão de títulos de dívida por empresas, incluindo instituições financeiras, alcançou 13,12 bilhões de dólares de janeiro até 18 de setembro, superando os 11,92 bilhões de dólares registrados em todo o ano passado. Quando se consideram também as emissões feitas pelo Tesouro Nacional, o total chega a 19,5 bilhões de dólares este ano, também acima dos 16,1 bilhões de dólares de 2023, segundo dados do Bond Radar, serviço de informações sobre o mercado de capitais.

As captações são feitas principalmente por empresas de grande porte que tenham uma dívida relevante, afirmam especialistas. O movimento quer aproveitar a retomada do apetite dos investidores por títulos de dívida de países emergentes, o que será estimulado pela queda na taxa básica de juros nos Estados Unidos, iniciada na quarta-feira (18), quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) fez um corte de 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 4,75% e 5%.

“De 2022 para cá, houve uma combinação de incerteza macroeconômica mundial, do ponto de vista de inflação e taxa de juros. Isso gerou volatilidade grande em relação a níveis de taxas de juros”, diz Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercados de Capitais da Anbima, associação do setor.

Eleição dos EUA

Nos dois últimos anos, a dinâmica da política monetária americana ditou o ritmo de captações externas, impactando negativamente as emissões no exterior. Para as empresas brasileiras, continua Maranhão, pesou também o cenário interno, de eleições presidenciais à Selic, ainda que o mercado local tenha oferecido opções de captação:

“A partir do ano passado e mais fortemente agora, com as questões macroeconômicas e políticas dissipadas, vai ter uma melhora. Fundos que ficaram muito tempo sem alocar em países emergentes e no Brasil começam a ter necessidade de voltar”.

Neste segundo semestre, dizem especialistas, a tendência é que as empresas que puderem optem por fazer captações externas antes das eleições presidenciais nos EUA.

Miguel Diaz e Matheus Licarião, analistas da área de mercado de capitais do Santander, lembram que “o mercado lá fora é de janelas”: “No momento há volatilidade baixa, e a confiança dos investidores acabou entrando de novo para mercados emergentes”, diz Licarião, que faz um alerta. “A janela pode se fechar por conta de ruído de eleições americanas, porque a volatilidade deve aumentar”.

Diaz cita ainda questões de calendário: “Eleições, Ação de Graças, em dezembro se desligam os motores”.

Para Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa do Itaú BBA, os juros menores nos EUA vão impulsionar a corrida por mais emissões lá fora. Ele ressalta, no entanto, que as captações externas são feitas por “produtoras de commodities com negócios globais”: “As receitas dolarizadas facilitam a aceitação dos papéis no mercado internacional”.

Maranhão, da Anbima, acrescenta que as empresas que acessam esse mercado têm endividamento relevante. Não à toa, muitas delas estão emitindo títulos para financiar o pagamento de dívidas ou financiar operações com debêntures.

A Vale, por exemplo, levantou quase 1 bilhão de dólares no fim de junho em uma emissão de títulos de dívida com prazo de 30 anos. E explicou ter usado os recursos para pagar bonds emitidos anteriormente com vencimento em 2026.

Esse movimento é semelhante ao da Petrobras, que fez uma emissão também de quase US$ 1 bilhão com vencimento em 2035 e recomprou títulos mais antigos. A XP também informou ter usado os recursos de uma emissão externa, no valor de US$ 500 milhões e com vencimento em 2029, para recomprar papéis com vencimento mais próximo.

Já a Eletrobras informou ter usado os recursos captados lá fora para refinanciar suas dívidas. Também procuradas, Suzano e Movida não responderam qual o objetivo de suas captações.

Queiroz, do Itaú BBA, afirma que a disponibilidade dos títulos no exterior também é vista como uma janela de oportunidade de longo prazo, pois cria respaldo para futuras emissões: “Ter novos credores abre um novo mercado e reforça participação neste mercado internacional”.

Além disso, há no mercado internacional um número maior de eventuais interessados, aponta Frederico Nobre, líder de análise da Warren Investimentos: “Há um acesso a outros bolsos. O mercado de capitais lá fora é muito mais robusto e maior do que o daqui”. As informações são do jornal O Globo.

 

 

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