Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 9 de abril de 2022
Pressionada a tomar uma decisão em relação ao tapa dado por Will Smith em Chris Rock durante a 94ª cerimônia do Oscar, há quase duas semanas, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood decidiu banir o ator das premiações ou de qualquer outro evento da instituição pelos próximos 10 anos. Mesmo afastado, Smith manterá o Oscar de melhor ator que conquistou na mesma noite, pela atuação em “King Richard: Criando campeãs” (2021), e permanece elegível para futuras indicações.
Antes do anúncio oficial do Board of Governors, conselho de 54 membros da Academia, especulava-se quão pesada seria a punição ao ator, que poderia chegar, pelas regras da instituição, até mesmo à perda de sua estatueta.
A pena mais extrema, contudo, já era descartada por muitos dos membros da Academia, uma vez que mesmo o produtor Harvey Weinstein e o diretor Roman Polanski, condenados por crimes sexuais, não tiveram seus prêmios cancelados, apesar de expulsos da Academia. Weinstein, que foi condenado por estupro e ato sexual criminoso em 2020 após acusações de mais de 80 mulheres, levou o Oscar de melhor filme por “Shakespeare apaixonado”, em 1999 (na premiação, o troféu de filme vai para o produtor).
Já Polanski, indicado cinco vezes ao prêmio de diretor, conquistado em 2003 por “O pianista”, foi condenado em 1977 pelo estupro com uso de drogas de Samantha Geimer, na época uma menina de 13 anos. O diretor chegou a ser preso, mas fez um acordo com a acusação e fugiu para França antes de cumprir uma pena mais curta nos EUA. Em 2019, Polanski chegou a processar a Academia, por tê-lo expulsado no ano seguinte.
A única vez que a Academia revogou um Oscar, não foi o de uma pessoa, mas de um filme. Em 1969, o longa “Young americans” perdeu o prêmio de melhor documentário de 1968, por ter sido declarado inelegível após a conclusão que seu lançamento ocorreu em 1967. Com a decisão, o troféu foi para o vice-campeão de votos na categoria, “Journey into self”.
Marcada inicialmente para 18 de abril, a reunião sobre o destino do ator foi adiantada após ele renunciar a seu posto na Academia. Entre os membros do do Board of Governors, estão o cineasta Steven Spielberg e as atrizes Laura Dern e Whoopi Goldberg.
O comunicado, assinado pelo presidente da instituição, David Rubin, e pela CEO Dawn Hudson, condena o “o comportamento inadmissível e perigoso do senhor Smith no palco”, ofuscando a 94ª edição do Oscar, que “era para ser uma celebração dos vários indivíduos de nossa comunidade”. Em nome da Academia, Rubin e Dawn também pediram desculpas por não terem reagido “de forma apropriada à situação” e agradeceram Rock por ter mantido “a compostura sob circunstâncias extraordinárias”.
Smith já havia dito que acataria a decisão da Academia e descrito as próprias ações como “chocantes e dolorosas”. “Eu traí a confiança da Academia. Privei outros indicados e vencedores de sua oportunidade de celebrar e ser celebrado por seu trabalho extraordinário. Estou de coração partido”, disse ele em seu comunicado de renúncia à Academia, no início do mês.
O ator agrediu Rock após o comediante comparar sua mulher, Jada Pinkett Smith, à personagem G.I. Jane, interpretada pela atriz Demi Moore no filme “Até o limite da honra” (1997). No longa, a personagem tem o cabelo raspado porque faz parte da Marinha. Jada, porém, sofre de alopecia, que provoca calvície.
Após a piada, Smith subiu em silêncio no palco e deu um tapa no rosto de Rock. De volta à plateia, esbravejou: “deixe o nome da minha mulher fora da p**** da sua boca”. Na sequência, o ator foi acalmado por Jada e Denzel Washington. No dia seguinte, Smith pediu desculpas a Rock.
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