Terça-feira, 14 de Janeiro de 2025

Home Sem categoria Casos de enfarte abaixo dos 40 anos quase triplicam em duas décadas no Brasil

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Os infartos ou ataques cardíacos são mais comuns entre pessoas acima dos 40, segundo especialistas, porém, essa estatística está mudando. Com base em dados do Ministério da Saúde, casos de infarto estão se tornando mais frequentes em indivíduos abaixo dessa faixa etária. Os dados mostram que internações de pessoas abaixo de 40 anos em decorrência desse evento passaram de 1,7 casos por 100 mil habitantes em 2000 para quase 5 em 2022, o que caracteriza um aumento de 184%.

Entre pessoas de 35 a 39 anos, as internações sofreram um aumento de 79,8%, passando de 9,3 casos por 100 mil habitantes para 18. O aumento também foi observado em jovens entre 25 anos e 29 anos, por exemplo, quando a quantidade mais que triplicou, passando de 1,43 casos por 100 mil habitantes para quase 5 casos por 100 mil.

O levantamento considera apenas as internações no Sistema Único de Saúde (SUS), mas embora os usuários exclusivamente dependentes do SUS representem uma parcela significativa da população, cerca de 75%, pode haver subnotificação nos casos.

Ela afirma que profissionais da área vêm observando esse aumento na prática médica diária, ao analisar os dados da rede pública, quanto à tendência de alta, mas que não prudente ignorar o número real deve ser ainda maior, já que uma parcela significativa da população utiliza planos de saúde.

As causas para essa mudança no cenário, segundo especialistas consultados pelo Estadão, seriam diversos fatores, com destaque para a predisposição genética e o aumento da obesidade. De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz, em 2024, a obesidade afetou 34% dos adultos brasileiros. Em 2019, de acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), esse índice era de aproximadamente 20%, o que representa um aumento de aproximadamente 70% em apenas cinco anos.

O estresse, a alimentação e o sedentarismo ajudam a completar o cenário atual. Especialistas também destacam tendências recentes, como o uso de cigarros eletrônicos (vapes) e a utilização indiscriminada de hormônios, incluindo o popular “chip da beleza”. O amplo uso do dispositivo ganhou mais evidências em 2024, quando houve um aumento de relatos de efeitos adversos e a forte mobilização de sociedades médicas para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibisse sua comercialização.

Outro fator que está sendo analisado e que pode ter influenciado para o salto nos casos de infarto, é o covid-19. Uma explicação possível é que muitas pessoas carregam placas de gordura nas artérias que, em situações normais, resultam por anos. Mas, diante de um quadro inflamatório causado pelo coronavírus, essas placas podem se romper, interrompendo o fluxo sanguíneo e desencadeando um infarto. Situações semelhantes podem acontecer em quadros agudos de gripe e herpes, além de pneumonia e outras doenças inflamatórias.

O infarto em jovens apresenta características próprias e, muitas vezes, é mais grave, de acordo com médicos da área. Eles explicam que com o avanço da idade, é comum que os vasos sanguíneos sofram obstruções progressivas por placas de gordura. Parece estranho, mas isso é capaz de fornecer uma certa proteção, já que com o tempo, o corpo desenvolve uma rede de vasos sanguíneos alternativos, chamada ‘circulação colateral’ que funcionam como ‘plano B’, garantindo que o sangue chegue ao coração, em caso de interferência. Em se tratando de jovens, eles não têm tempo hábil para esse desenvolvimento.

Outro complicador é a variabilidade dos sintomas, muitas vezes subestimada pelos pacientes. Embora a dor no peito que irradia para o braço esquerdo, seja o sintoma mais conhecido pela população, ele nem sempre aparece. Suor excessivo, palidez ou dor no estômago, também podem ser sintomas de um ataque cardíaco.

Essa percepção de que infartos são raros em pessoas abaixo dos 40 anos pode refletir até na conduta dos profissionais de saúde que, às vezes, tendem a desconsiderar um infarto precoce. As informações são do O Estado de São Paulo.

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