Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2025

Home Economia Castelhano já é um dos idiomas mais ouvidos nas praias de Santa Catarina neste verão

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O espanhol é ouvido com frequência nas praias de Santa Catarina. Um sinal da presença de argentinos, que têm “invadido” cidades como Florianópolis e Balneário Camboriú, motivados pela desvalorização do real e a redução dos custos de estadia no Brasil.

A prefeitura da capital catarinense estima que o fluxo de argentinos na cidade entre novembro e março seja 15% maior do que no mesmo período anterior. Com isso, quase 260 mil visitantes “hermanos” devem passar por lá até o fim da temporada de verão.

Brasileiros na cidade contam que costumam ser abordados primeiro em espanhol, por trabalhadores que oferecem um cardápio de um restaurante ou um roteiro de passeio. Depois, precisam explicar que falam português.

É a retomada de um movimento histórico – as praias catarinenses sempre estiveram entre as preferidas dos argentinos, mas a crise socioeconômica que se agravou sob governos peronistas e a pandemia mudaram esse hábito do veraneio. Os ambulantes festejam – dizem que os estrangeiros gastam mais do que os turistas locais.

A professora Eva Sanches aproveitou a cotação favorável para voltar a Floripa após sete anos. “Agora que as coisas estão mais estabilizadas (na Argentina), e os filhos terminaram a escola, decidimos vir.”

Foram 2.026 quilômetros de estrada e dois dias dentro do carro até o destino, mas ela diz que o esforço vale a pena. “Passar as férias em Córdoba (no norte argentino), e nós somos de lá, custaria mais ou menos o mesmo que vir até aqui.”

Em um grupo de nove pessoas, Eva e a família não hesitaram, por exemplo, em fazer o passeio que sai da praia do Campeche para a ilha de mesmo nome – R$ 300 por pessoa.

O site TurismoCity, um dos principais sites buscadores de passagens áreas e promoções na Argentina, registrou alta de 500% nas buscas por destinos brasileiros nesta temporada. E de 2023 para 2024, o Aeroporto Internacional de Navegantes, o mais próximo de Balneário Camboriú, passou a ter voos diretos vindos do país.

Brenda Pereira, vendedora de drinques da Praia do Campeche, está satisfeita com o movimento. “Os argentinos compram cerca de 75% mais do que os brasileiros”, afirma ela, que trabalha há cinco anos como ambulante na praia.

De acordo com a Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, a expectativa é de que metade da ocupação hoteleira da cidade seja estrangeira. Desses, 70% são da Argentina, mas há também uruguaios, paraguaios e chilenos.

Conforme Lauro Mattei, professor e pesquisador de Economia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “desde a década de 1990, o dólar tem forte circulação na economia argentina, de tal forma que grande parte das transações econômicas tem a moeda americana como referência, o que facilita as transações em todas as esferas”. Para ele, isso favorece a vinda de turistas, principalmente os da classe média e alta.

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