Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de junho de 2024
A tragédia que assolou o Rio Grande do Sul no último mês, com chuvas e enchentes que deixaram mais de uma centena de mortos e milhares de desabrigados, deve trazer impactos no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos próximos meses, dizem especialistas.
Embora os efeitos das cheias já sejam sentidos pela população gaúcha, a repercussão na economia nacional ainda não começou a ser medida com clareza.
Os últimos dados do PIB, por exemplo, divulgados na terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), medem apenas o crescimento da economia brasileira nos três primeiros meses do ano, quando houve uma alta de 0,8%.
Para o segundo trimestre, a estimativa de analistas é que a economia de todo o País deixe de crescer — e há quem espere até mesmo uma retração da atividade para o período.
Parte desse cenário já pode ser visto em alguns indicadores. O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), por exemplo, subiu 6,4 pontos em maio, para 112,9 pontos, no maior nível desde março de 2023 (116,7 pontos).
“Uma análise de nuvem de palavras contidas nos textos que foram identificados como sinalizadores de incerteza econômica mostra um forte aumento no mês de citações ao Rio Grande do Sul, sugerindo um aumento de incertezas relacionadas ao desastre ambiental na região”, diz Anna Carolina Gouveia, economista do FGV-Ibre.
Para a XP Investimentos, os reflexos da tragédia no Rio Grande do Sul devem fazer o PIB do País ficar próximo de zero no segundo trimestre. Antes, a projeção era de elevação de 0,5% para o período, afirma o economista Rodolfo Margato.
“Na visão de 2024, por enquanto mantemos o cenário de crescimento de 2,2% para o PIB total”, diz. “Mas há um viés de baixa devido às enchentes. Por ora, estimamos impacto líquido negativo de 0,2 a 0,3 ponto percentual [p.p.] no PIB total de 2024.”
Agronegócio
O setor mais afetado pelas cheias no Rio Grande do Sul foi o da agropecuária, com um prejuízo estimado em R$ 3,1 bilhões na agricultura e em R$ 272 milhões na pecuária até agora, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM).
A agropecuária gaúcha é importante para o Brasil, principalmente na produção de arroz: 70% de todo o consumo do produto no País vem do Rio Grande do Sul.
Vale lembrar que antes mesmo das enchentes deste ano, o mercado já via problemas na atual safra do alimento, resultado dos menores estoques e do plantio atrasado no Sul, que vieram em consequência das cheias de 2023.
Conforme o portal g1, a estimativa era de que, na safra atual, o País somasse 10,6 milhões de toneladas do cereal. Mas com as enchentes no Sul, o montante pode cair para menos de 10 milhões. Ainda, a expectativa era de que o RS contribuísse com 7,5 milhões de toneladas nesta safra, mas 800 mil toneladas podem estar agora debaixo d’água.
Outros alimentos, como a soja, também tiveram sua produção e escoamento afetados por conta das enchentes. Os impactos devem começar a aparecer traduzidos em números nos próximos meses. Por enquanto, a principal previsão de analistas já estima uma aceleração na inflação dos alimentos.
Indústria
Além do agro, a indústria do estado também foi bastante impactada. Segundo o levantamento da CNM, o prejuízo da indústria já chegou a R$ 267 milhões.
Um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) sobre o impacto da catástrofe mostra, também, que 47 mil do total de 51 mil indústrias do Estado estão localizadas nos municípios afetados – em estado de calamidade pública ou situação de emergência. Essas empresas também representam 87,2% dos empregos industriais da região.
A federação explica que os locais mais atingidos pelas cheias históricas incluem os principais polos industriais do Estado, responsáveis por “segmentos significativos para a economia”.
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