Quinta-feira, 13 de Março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 12 de março de 2025
Com risadas, piadas e churrasco liberado para os seus principais apoiadores, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, voltaram a se encontrar publicamente, nessa quarta-feira (12), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter liberado o contato entre eles na véspera.
Em um restaurante em Brasília (DF), os dois voltaram a conceder entrevista juntos, após mais de um ano sem poder dividir o mesmo ambiente. Antes, porém, os dois fizeram uma rápida reunião a portas fechadas na sede do partido, onde, segundo Bolsonaro, as vagas para o Senado em 2026 foram o principal assunto. Sobre o reencontro, Valdemar disse que deu um beijo no rosto do ex-presidente, que prontamente respondeu:
“Com esse nariz, ele não consegue beijar ninguém. Alguém está acreditando?”.
Estavam na confraternização os deputados Altineu Côrtes e Eduardo Pazuello (RJ), além dos senadores Carlos Portinho (RJ), Magno Malta (ES) e Rogério Marinho (RN).
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também compareceu e se sentou de um lado do marido, enquanto Valdemar ficou do outro. Ao chegar à churrascaria, Bolsonaro foi questionado sobre a possibilidade de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), assumir o controle da Comissão de Relações Exteriores (Creden) da Câmara.
O comando da comissão virou prioridade depois que governistas passaram a alegar que o parlamentar poderia usar o cargo para manter interlocução com o governo Donald Trump e incentivar retaliações dos Estados Unidos ao Brasil e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O PT chegou a acionar a Corte e pedir a apreensão do passaporte de Eduardo por “atentar contra a soberania nacional”.
Bolsonaro negou que a presidência do colegiado possa promover um novo tensionamento com o STF.
“Que crise? Eduardo é amigo da família Trump. Desde quando isso é motivo de crise? É solução”, afirmou.
Na sede do PL, Bolsonaro conversou com Valdemar sobre as eleições para o Senado em 2026. De acordo com ele, o partido precisa definir a sua estratégia em relação às candidaturas para o Senado e definir quais nomes apoiará, já que os debates sobre o tema “estão afunilando”.
“O jogo começou a afunilar, com muitas candidaturas. Muita gente quer vir ao Senado, mas não tem vagas para todo mundo. Preciso conversar com Valdemar qual é o critério que a gente vai adotar. Em princípio, quem tem mandato estaria dentro, mas quem está queimado não vai disputar comigo sendo cabo eleitoral. Eu ajudo, mas não decido. Preciso voltar a essa conversa com Valdemar, precisamos saber quem vamos decapitar e quem vamos apoiar. Tínhamos começado lá atrás, mas estávamos impedidos”, afirmou o presidente.
O ex-presidente estava em um evento em São Paulo quando soube da decisão de Moraes. De acordo com aliados, ele teria comemorado a autorização para falar com Valdemar e feito contato breve por telefone. Valdemar, que foi investigado por uma suposta trama golpista, estava proibido de falar com todos os outros alvos da apuração.
Outras duas restrições em relação a Valdemar também foram derrubadas pela decisão de Moraes: proibição de sair do Brasil e de participar de cerimônias militares.
O dirigente partidário foi indiciado pela Polícia Federal (PF) na apuração sobre a trama golpista, no ano passado, mas não foi incluído na denúncia apresentada no mês passado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
“No caso de Valdemar Costa Neto, embora o investigado tenha sido indiciado no relatório final apresentado pela autoridade policial, a Procuradoria-Geral da República, ao exercer a sua opinio delicti, não denunciou o investigado, razão pela qual, em relação a ele, não estão mais presentes os requisitos necessários à manutenção das medidas cautelares anteriormente impostas”, escreveu Moraes, em sua decisão.
O partido divulgou uma nota sobre a decisão:
“O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recebeu com tranquilidade a decisão do ministro Alexandre de Moraes que revoga as medidas restritivas anteriormente determinadas, incluindo a proibição de contato com o presidente Jair Bolsonaro. Desde o início, Valdemar sempre confiou na Justiça e no devido processo legal, e a decisão de hoje reforça essa convicção. O PL segue seu trabalho com foco no fortalecimento da democracia e no desenvolvimento do país”, afirma o comunicado.
A proibição foi imposta em fevereiro de 2024, após uma operação da PF sobre o caso. Neste período, o único momento em que Bolsonaro e Valdemar se encontraram foi durante a missa de sétimo dia celebrada em homenagem à mãe do dirigente, em dezembro.
Os dois recorreram a táticas para evitar “esbarrões” na sede do partido, em Brasília. Em paralelo, usaram os aliados como intermediários nas decisões do partido que miram as eleições municipais deste ano e para as orientações à bancada bolsonarista do Congresso. Para não gerar implicações na Justiça, os caciques do partido passaram a avisar aos assessores quando entram e saem dos seus gabinetes, e os corredores do andar onde trabalham passaram a ter “olheiros” que alertavam para as movimentações. (O Globo)
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