Quarta-feira, 08 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 7 de janeiro de 2025
Os preços das carnes bovina, suína e de frango devem continuar subindo em 2025, embora em ritmos diferentes, por conta de suas particularidades. Após um reajuste acumulado de 14,8% no grupo carnes de janeiro a novembro – acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,29% em igual período –, especialistas apontam que a tendência de alta será impulsionada pela mudança no ciclo pecuário e pela continuidade das exportações em níveis elevados.
No IPCA-15 de dezembro, que teve alta de 0,34%, o resultado foi impulsionado exatamente pelo aumento nos preços da alcatra (9,02%), do contrafilé (8,33%) e da carne de porco (8,14%). Segundo especialistas, a virada no ciclo pecuário, que é a retenção das matrizes após um ano de recorde nos abates de fêmeas e machos, deve se consolidar em 2025. “Estamos em um ciclo de diminuição do abate de fêmeas, e isso será uma dinâmica persistente ao longo de 2025, puxando para cima o preço da arroba do boi”, disse o economista da Quantitas, João Fernandes.
Para ele, o movimento de alta nos preços será mais forte no segundo semestre, quando a arroba (15 quilos) pode superar os R$ 350. Na avaliação Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto, será na virada de 2025 para 2026 que os preços da carne bovina estarão mais “salgados”.
Fator China
Além disso, a exportação continuará aquecida, como destaca a indústria, que festeja os resultados de 2024: foram 2,948 milhões de toneladas embarcadas ao exterior até novembro, crescimento de 30,84% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
A demanda externa é sustentada pela China e também pelos Estados Unidos, que têm produzido menos, ao mesmo tempo que a oferta global diminuiu. “O viés é de alta, porque nossos competidores não têm produto suficiente. Somos competitivos e temos carne para oferecer, até aumentando a produção”, diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa.
A alta do dólar, que fechou o ano acima de R$ 6, torna as exportações ainda mais atraentes para os frigoríficos. “A exportação fica mais rentável, reduz a oferta interna e impulsiona os preços”, diz Fernandes, da Quantitas.
Por isso, é esperada uma queda no consumo interno, principalmente no segundo semestre, quando a carne bovina estará mais cara. “O consumo doméstico ( de carne bovina) deve recuar de 6% a 7% neste ano. Os consumidores migrarão para proteínas mais baratas, como frango e suínos”, diz o analista de proteína animal do Rabobank, Wagner Yanaguizawa.
Essa substituição também terá um peso sobre os preços: a demanda maior por carne de frango, suína e ovos tende a puxar para cima a cotação desses produtos. A Quantitas projeta alta de 5,5% para aves e ovos, enquanto a carne suína deve subir 5,9%.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo per capita de carne de frango deve crescer 2,2% em 2025, alcançando 46,6 quilos per capita, enquanto o de carne suína deve permanecer estável em 19 quilos.
Segundo Yanaguizawa, a elevação das exportações dessas proteínas contribuirá para manter o mercado ajustado, sem espaço para quedas nos preços. E para não perder muito espaço no mercado interno, ressalta ele, a indústria de carne bovina tenderá a “melhorar a competitividade com as outras proteínas”.
Os segmentos de frangos e suínos, no entanto, deverão ter melhores margens com o esperado aumento do consumo. “Essas proteínas conseguem ajustar preços de forma mais flexível, aproveitando os aumentos da carne bovina para conquistar mercado. Esse movimento deve continuar especialmente neste início de ano, com o consumidor favorecendo opções mais acessíveis”, disse o analista do Rabobank. Para Fernandes, da Quantitas, a renda e o mercado de trabalho devem permanecer em níveis elevados, sustentando o consumo. (Estadão Conteúdo)
No Ar: Pampa Na Tarde