Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 28 de dezembro de 2021
Bem antes de uma pandemia global nos afastar de nossos entes queridos, e a variante Ômicron ameaçar atrapalhar os planos de férias, os especialistas alertaram sobre “uma epidemia de solidão” nos Estados Unidos.
Três em cada cinco americanos entrevistados em 2019 relataram sentir-se solitários, o que os pesquisadores atribuíram a uma variedade de fatores, incluindo falta de uma rede de apoio, interações significativas pouco frequentes, saúde física e mental precária e desequilíbrio nas atividades diárias. Além disso, quase um quarto das pessoas com 65 anos ou mais são consideradas socialmente isoladas, de acordo com o National Health and Aging Trends Study.
A solidão geralmente se origina de estar sozinho sem desejar. Mas também é motivada por uma discrepância entre como uma pessoa percebe seus relacionamentos e o que espera deles. Essa desconexão é a razão pela qual alguém pode estar cercado pela família no Natal e ainda se sentir um estranho.
Uma cura potencial? Bondade para com os outros. Algo tão simples como o voluntariado pode melhorar nossa saúde, amenizar sentimentos de solidão e ampliar nossas redes sociais, sugerem estudos. Oportunidades de retribuir — tanto pessoalmente quanto virtualmente — são mais comuns do que no ano passado, e a necessidade por voluntários não diminuiu, especialmente na doação de alimentos.
“O voluntariado é uma das melhores e mais certas maneiras de encontrar um propósito e significado em nossa vida”, diz Val Walker, autora do livro “400 Friends and No One to Call: Breaking Through Isolation and Building Community”.
Benefícios do voluntariado
Em um estudo com 10 mil voluntários no Reino Unido, cerca de dois terços concordaram que seu trabalho voluntário os ajudou a se sentir menos isolados, especialmente aqueles com idades entre 18 e 34 anos.
Sam Boyd, 24, diretora de gestão de voluntários da Special Olympics Maryland, afirma que percebe que até mesmo os mais retraídos “ganham vida” durante um turno e, no final do dia, “estão dando as mãos e batendo cotovelos com outros pessoas.”
Segundo ela, ao se voluntariar, “você também pode saber mais sobre si mesmo e ampliar sua visão de mundo”. Entre os idosos, o isolamento social e a solidão estão associados a maiores taxas de mortalidade, depressão e declínio cognitivo.
Os especialistas dizem que o voluntariado não apenas ajuda as pessoas a se sentirem menos solitárias, mas também pode melhorar o bem-estar físico.
Um estudo de cinco anos com mais de 800 pessoas em Detroit descobriu que ajudar outras pessoas que não moram com você pode agir como uma proteção contra os efeitos negativos do estresse. Embora os participantes do estudo tenham enfrentado eventos de vida estressantes, como doença, perda do emprego ou dificuldades financeiras, aqueles que gastavam tempo fazendo tarefas para os outros — como cuidar dos filhos ou ajudar no trabalho doméstico — tinham menos probabilidade de morrer do que aqueles que não ajudaram os outros.
A AARP Foundation Experience Corps, um programa de tutoria intergeracional, encontrou vários benefícios para o voluntariado: mais de 85% dos voluntários sentiram que suas vidas haviam melhorado por causa de seu envolvimento com o programa e 98% relataram que o programa os ajudou a permanecer física e mentalmente ativos.
“As pessoas querem ser importantes e valorizadas ao longo de suas vidas”, disse Lisa Marsh Ryerson, presidente da AARP Foundation.
Quanto é preciso?
Gary Bagley, diretor executivo da New York Cares, a maior organização voluntária da cidade de Nova York, sugere definir uma pequena meta no início, como ser voluntário uma vez por semana ou mesmo uma vez por mês, e desenvolver a partir daí.
“Um dos maiores erros que você pode cometer é decidir ‘vou ser voluntário duas vezes por dia durante o próximo ano’ porque você vai se esgotar com isso. Portanto, pense em algo que seja administrável para você, e não um compromisso assustador na agenda. Apenas dê o primeiro passo.”
Pesquisas sugerem que o voluntariado de forma constante é o que parece colher os maiores benefícios. Em um estudo, viúvos com 51 anos ou mais que trabalharam como voluntários duas ou mais horas por semana se sentiram menos solitários – e não eram mais solitários do que os voluntários casados.
Como escolher
O tipo de atividade que você escolhe importa menos do que se você a considera significativa, disse Walker, a autora de “400 amigos e ninguém para ligar”. Em seus 25 anos como conselheira de reabilitação, ela colocou seus clientes em atividades voluntárias para ajudá-los a construir confiança e desenvolver habilidades sociais.
“Eles usaram o voluntariado como uma ponte para ajudá-los a se reconectar à comunidade”, disse Walker.
Alguns trabalham por uma causa política ou ambiental. Outros são levados a compartilhar uma paixão, como trabalhar com madeira. Walker aconselha também a pensar sobre o tipo de ambiente no qual gostaria de ser voluntário e se isso facilitará as interações sociais.
Se você ajuda em um museu, por exemplo, pode conhecer grupos maiores de pessoas do que se for voluntário como tutor, acrescentou ela.
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