Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024

Home Ciência Cientistas desvendam “sensor” do cérebro que faz humanos ficarem mais altos a cada geração

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O enigma para entender por que os humanos estão ficando mais altos e chegando à puberdade mais cedo do que nunca pode ser explicado por um sensor no cérebro, dizem cientistas.

A altura média das pessoas no Reino Unido aumentou em 10 centímetros durante o século 20, e até 20 centímetros em outros países, à medida em que a saúde nutricional melhorou. Mas exatamente como isso acontece nunca foi compreendido.

A descoberta pode levar ao desenvolvimento de medicamentos para melhorar a massa muscular e tratar o crescimento tardio, dizem pesquisadores do Reino Unido.

Os cientistas sabem há muito tempo que os humanos com boas dietas e acesso a alimentos saudáveis tendem a crescer mais e amadurecer mais rapidamente.

Na Coreia do Sul, por exemplo, a altura adulta disparou à medida em que a nação se transformou de um país pobre em uma sociedade desenvolvida. No entanto, em partes do Sul da Ásia e da África, as pessoas são apenas um pouco mais altas em relação há 100 anos.

“Faça muitos bebês”

Sabe-se que os sinais da alimentação chegam a uma parte do cérebro chamada hipotálamo, informando sobre a saúde nutricional do corpo e desencadeando o crescimento.

Este novo estudo, publicado na revista Nature e liderado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, ao lado de equipes da Queen Mary University of London, University of Bristol, University of Michigan e Vanderbilt University, descobriu o receptor cerebral por trás desse processo.

Chama-se MC3R. Ele é o elo crucial entre o desenvolvimento e o crescimento alimentar e sexual.

“Diz ao corpo que estamos ótimos, temos muita comida, então pode crescer rapidamente, ter a puberdade logo e fazer muitos bebês”, disse o professor Sir Stephen O’Rahilly, autor do estudo, de Cambridge. “Não é mágica – nós temos o diagrama completo de como isso acontece.”

Quando o receptor do cérebro não funciona normalmente em humanos, os pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a ser mais baixas e começam a puberdade mais tarde do que outras pessoas.

A equipe pesquisou a composição genética de meio milhão de voluntários inscritos no UK Biobank – um enorme banco de dados de informações genéticas e de saúde – para confirmar que isso era verdade.

Crianças com mutações genéticas que afetam o receptor cerebral eram todas mais baixas e pesavam menos do que as outras. Isso mostra que o efeito começa logo cedo na vida.

A equipe de pesquisa encontrou uma pessoa que tinha mutações em ambas as cópias do gene para MC3R, o que é extremamente raro e prejudicial. Essa pessoa era muito baixa e começou a puberdade após os 20 anos.

Drogas para o futuro

Mas os humanos não estão sozinhos nisso – pesquisadores estudaram camundongos para confirmar que o mesmo mecanismo funciona em animais.

A descoberta pode ajudar crianças com graves atrasos no crescimento e na puberdade, assim como aquelas que se tornam frágeis por conta de doenças crônicas e precisam desenvolver músculos.

“Pesquisas futuras devem investigar se as drogas que ativam seletivamente o MC3R podem ajudar a redirecionar as calorias para os músculos e outros tecidos magros, com a perspectiva de melhorar a funcionalidade física desses pacientes”, disse o professor O’Rahilly.

Os cientistas já identificaram um receptor cerebral que controla o apetite, chamado MC4R, e aqueles que não o têm costumam ser obesos.

As pessoas podem continuar crescendo cada vez mais?

Há um teto para a altura e ele é alcançado quando as pessoas atingem seu potencial genético. Fatores como saúde e dieta têm um grande impacto sobre como isso acontece.

Quando as crianças de famílias mais pobres recebem alimentos e calorias suficientes, podem crescer até a altura que herdaram de seus pais e avós.

Pessoas mais altas geralmente vivem mais e têm menos probabilidade de sofrer de problemas cardíacos e também podem acabar ganhando mais. Mas os humanos não podem continuar crescendo para sempre.

Como muitos outros países da Europa, a altura média no Reino Unido disparou durante o século passado – mas há sinais nos últimos 10 anos de que está diminuindo.

Em outros lugares, os maiores aumentos de altura no século passado ocorreram em mulheres sul-coreanas e homens iranianos.

As pessoas mais altas do mundo são homens nascidos na Holanda (1,82 metro), enquanto as mais baixas são mulheres nascidas na Guatemala (1,39 metro).

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