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Por Redação Rádio Pampa | 13 de outubro de 2022
Nas últimas quatro décadas, métodos contraceptivos químicos, hormonais e imunológicos para o homem têm sido testados por cientistas. Mas é um consenso entre eles que, até o momento, conseguir um que seja confiável e reversível é uma lacuna a ser preenchida na área. Na Índia, pesquisadores afirmam estar próximos de lançar o primeiro anticoncepcional masculino injetável: o Risug (Inibição Reversível do Esperma Sob Controle) está sendo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Indiano de Tecnologia Kharagpur e instituições afiliadas e é considerado pelos cientistas uma alternativa à vasectomia, que, junto dos preservativos é uma das únicas opções de contracepção para homens disponíveis hoje.
O produto se encontra na fase três dos testes clínicos, etapa em que o tratamento é administrado em grupos de pacientes e tem seus efeitos adversos e valor terapêutico avaliados.
“O número de grupos de cientistas estudando novas estratégias aumentou muito; temos o nosso na Unesp e há também em países como Estados Unidos, Japão, Austrália e Canadá. Eu vejo com muito otimismo essa fase atual, porque houve uma maior conscientização social da importância de a gente ter novas formas de contracepção”, analisa Erik José Ramo da Silva, doutor em Farmacologia e professor do Departamento de Biofísica e Farmacologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).
Um artigo publicado pelos pesquisadores no periódico Basic and Clinical Andrology informa que, nessa fase de testes, a taxa de falha do Risug foi de 0,98%. Os voluntários do estudo foram observados por seis meses e, após esse período, 96% deles apresentaram azoospermia, quando não há espermatozoides no fluido ejaculado.
Esse é justamente o resultado esperado com o uso do anticoncepcional. O mecanismo de funcionamento é parecido com o da vasectomia, mas menos invasivo e facilmente reversível. Um gel composto pelo polímero anidrido maleico de estireno diluído em sulfóxido de dimetilo é injetado nos ductos deferentes para causar a sua obstrução.
“O homem ejacula, mas não tem espermatozoides no fluido ejaculado; o que é parecido com a vasectomia, mas não é preciso cortar o ducto deferente. Imagine que na vasectomia você destrói uma ponte e, com o Risug, entope um cano”, exemplifica o professor da Unesp.
Além do bloqueio físico, a substância também cria um meio com pH ácido, que rompe a membrana dessas células e destrói enzimas que fazem parte do processo de fertilização; o que torna os espermatozoides que têm contato com ela inférteis. A ideia veio da observação de testes para purificação de água em sistemas de abastecimento de áreas rurais da Índia. Um professor do Instituto Indiano de Tecnologia Kharagpur descobriu que, quando os canos estavam revestidos com o polímero, era possível eliminar as bactérias da água.
A aplicação do gel é realizada em uma cirurgia ambulatorial simples, com anestesia local, e os únicos efeitos colaterais registrados até o momento são relacionados a dor e inchaço no local da aplicação por algumas semanas. É esperado que seus efeitos durem cerca de dez anos e, no momento em que o paciente julgar necessário, a substância pode ser facilmente eliminada com uma injeção de bicarbonato de sódio e um anti-inflamatório.
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