Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024

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Uma equipe científica internacional anunciou que conseguiu pela primeira vez usar um laser para redirecionar raios em uma montanha suíça.

Raios atmosféricos atingem o solo da Terra entre 40 e 120 vezes por segundo. Todos os anos eles matam mais de 4 mil pessoas e causam perdas econômicas no valor de bilhões de dólares. O objetivo de longo prazo da utilização desse laser seria provocar e conduzir essa poderosa faísca elétrica e, assim, proteger instalações estratégicas, como aeroportos.

A principal proteção até agora tem sido o para-raios, uma simples barra de metal pontiaguda inventada pelo cientista americano Benjamin Franklin em 1749.

A equipe, formada por especialistas de seis instituições diferentes, trabalha há anos em uma alternativa. No verão (do hemisfério norte) de 2021, eles conseguiram atrair e guiar raios a mais de 50 metros, uma experiência bem-sucedida que pôde ser repetida três vezes.

A proposta, publicada na revista Nature Photonics, é lançar incessantemente um impulso em forma de laser para “guiar” o raio, em vez de simplesmente atraí-lo, como faz a barra de metal.

“Queríamos oferecer a primeira demonstração de que um laser pode influenciar os raios e que a coisa mais fácil é guiá-los”, disse Aurélien Houard, físico do Laboratório de Óptica Aplicada da Escola Politécnica de Paris.

Houard é o principal autor de um projeto desenvolvido há duas décadas com Jean-Pierre Wolf, do grupo de Física Aplicada da Universidade de Genebra, e outros colaboradores.

O que são raios?

O raio é uma descarga de eletricidade estática acumulada entre duas nuvens durante uma tempestade, ou entre essas nuvens e a Terra, enquanto o laser é uma emissão induzida de radiação para gerar um halo de luz.

Como os cientistas conseguiram realizar o experimento?

Ao emitir o laser para o céu, a equipe de Houard e Wolf consegue criar um plasma (ar carregado de íons e elétrons) que é parcialmente condutor e que “se torna assim um caminho preferencial para o feixe”, explica Houard.

Os cientistas fizeram um teste experimental em 2004 no Novo México, que falhou devido a erros no laser e porque era difícil calcular onde o feixe cairia. No entanto, no topo da montanha Santis, a 2,5 mil metros de altitude (no nordeste da Suíça), eles encontraram a solução. No local, uma torre de telecomunicações com 124 metros de altura recebe cerca de cem descargas atmosféricas todos os anos.

Os pesquisadores construíram durante dois anos um poderoso laser dentro de um telescópio, que por suas características consegue concentrar a intensidade do feixe de luz em poucos centímetros.

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