Sábado, 23 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 4 de julho de 2022
Sempre que percorre uma das ruas que costuma frequentar, Yasmim Ribeiro, 19 anos, encontra com a mãe em frente ao portão do colégio em que trabalhava, na cidade de São Paulo. A calçada e as roupas são sempre as mesmas, mas algo mudou nos últimos meses. As caminhadas deixaram de ocorrer no mundo offline e passaram a ser virtuais, dentro do Google Street View. Dona Jakeline, mãe de Yasmin, morreu em março, mas sua presença ficou registrada em uma imagem da ferramenta do Google.
Quando quer reencontrar a mãe em uma cena totalmente cotidiana, Yasmin acessa o serviço – e não está sozinha. Com 15 anos de existência, o Google Street View virou uma espécie de memorial involuntário para amigos e parentes de pessoas que já morreram.
A principal função do serviço, é claro, não é ser um álbum de fotos. A ferramenta, que arquiva imagens 360º de ruas em todo o mundo, é uma velha aliada na hora de programar viagens e orientar trajetos. Com várias tecnologias desenvolvidas nos últimos anos, a integração com informações de transporte público e trânsito, por exemplo, fazem do site um sucesso da gigante das buscas.
Mas a procura por rostos conhecidos nas ruas do mapa sempre existiu – seja para dar risada de registros inusitados ou sentir-se vaidoso por ter sido captado pelas lentes da empresa. Com o tempo, porém, os usuários perceberam que a ferramenta passou a eternizar aqueles que já partiram.
Recentemente, um tuíte viralizou ao mostrar como um homem encontra a mãe no serviço do Google. Na publicação, que já tem mais de 10 mil compartilhamentos e quase 307 mil curtidas, Cris Silva conta sobre a perda da mãe e de como encontrou a foto no site.
“Quando eu tô com muita saudade, eu abro o Google Maps e vejo essa foto dela me esperando chegar. Que você tenha um feliz Dia das Mães aí no céu, saudades demais”, escreveu no Twitter.
Recursos
Criado em 2007, o Street View exige um processo minucioso de registro. Para oferecer as visões de diversas partes do globo, a equipe já percorreu 16 milhões de quilômetros em cerca de 100 países. No total, a equipe produziu mais de 200 bilhões de imagens.
Recentemente, a gigante anunciou novas funções e formas de captar as imagens. Entre as novidades estão uma nova câmera, mais leve e adaptável a diferentes tipos de veículos, e novas visualizações imersivas, como a visão da parte de dentro de estabelecimentos e projeções 3D em tempo real de placas, avisos e instruções para acessar pontos turísticos, por exemplo.
Importância
De acordo com Maria Julia Kovács, professora do laboratório de estudos sobre a morte da Universidade de São Paulo (USP), o encontro de fotos como as contidas no Street View é parte de um processo para manter vivo um laço com quem já se foi.
“Os registros podem ser importantes porque podem ajudar a memória e lembranças que são importantes para o processo de luto. Guardar isso é garantir que (o laço com a pessoa perdida) não se deteriore”, explica.
No Ar: Pampa Na Tarde