Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024

Home Cinema Com documentário sobre sem-teto, o cineasta Pedro Kos é o único brasileiro indicado ao Oscar

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Um brasileiro estampa a lista dos indicados ao Oscar 2022. O carioca Pedro Kos está entre os nomeados a melhor documentário de curta-metragem com “Onde eu Moro” (“Lead Me Home”), em exibição na Netflix.

O cineasta divide a direção da produção com o americano Jon Shenk. Kos já tinha a experiência de ter sido editor de outros filmes indicados ao Oscar como “Lixo Extraordinário” (indicado em 2011) e “The Square” (2014), mas esta é a primeira indicação do brasileiro como diretor de filme próprio.

“Como você pode imaginar ver meu nome nesta lista foi um sonho. Uma honra acordar com a notícia dessa indicação e compartilho com o meu co-diretor Jon Shenk, com toda a nossa equipe e com as pessoas maravilhosas que a gente conheceu no processo de desenvolvimento desse curta, pessoas que contaram suas histórias, nossos vizinhos que moram na rua e que nos ensinaram que há muito mais coisas que nos unem do que nos separam. Eles nos inspiraram e eu dedico tudo em honra deles”, nos conta Kos.

“Onde eu Moro” é uma produção americana e um documentário original da Netflix que mostra a realidade das pessoas que vivem em situação de rua em Los Angeles, San Francisco e Seattle, na costa oeste americana. Kos diz que começou a gravar sem muitas pretensões, por ser uma situação que o acompanha no dia a dia em Los Angeles, cidade com mais de 63 mil pessoas nessa situação, de acordo com o censo de 2020.

“No início pensamos, ‘quem vai querer comprar um filme sobre sem-teto?’ A gente fez porque queria, foi um dos maiores riscos da minha carreira. Arrisquei muito e não estávamos ganhando nada. Só fiz porque me apaixonei pelas pessoas e pelo assunto”, diz Kos.

As filmagens começaram em 2017 e o filme foi lançado no final de 2021 na plataforma de streaming.

“Foram vários anos conversando com pessoas, indo em acampamentos e abrigos, falando com famílias inteiras que vivem nas ruas e não têm para onde ir no final do dia. O processo mexeu muito comigo, abriu os meus olhos de uma maneira que eu não esperava. Transformou a nossa vida, de como a gente vê a vida e nossa sociedade”, conta Kos.

O carioca teve o apoio de organizações não governamentais que dão assistência aos moradores de ruas e que fizeram o meio de campo na apresentação dos personagens. O documentário tem 39 minutos.

“É claro que fico muito feliz com essa indicação, mas o que mais quero é que as pessoas se conectem com essas histórias, conheçam essas pessoas e lembrem disso quando encontrar alguém que está na rua”, fala o cineasta brasileiro.

A dura campanha sempre tão cara e cheia de lobbies para tentar conseguir uma vaga nesta tão almejada lista foi encabeçada pela plataforma de streaming Netflix que comprou o projeto já em produção, e o colocou na lista dos originais.

“Como é um original deles, ficaram com a tarefa de montar as campanhas de premiações, de lançamentos on-line, nos cinemas, nos festivais, as conversas com o público. Fizemos muitos eventos em Nova York, San Francisco, aqui em Los Angeles. Não parei de viajar nos últimos tempos. Mas o que eu sempre destaco, que o melhor de estar nessas plataformas é a quantidade de gente que tem acesso ao nosso trabalho”, revela.

Quem é Pedro Kos

Kos revela que se tornou o cineasta que é hoje ouvindo as histórias de sua avó no Rio de Janeiro. Na adolescência mudou para Nova York e estudou direção de teatro na Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, e o primeiro trabalho na área foi como assistente do filme “Frida”.

“Eu era o assistente do assistente do assistente. Comecei lavando a janela e levando cafezinho e aos poucos fui metendo a cara, ralando fui abrindo espaço.”, diz.

No início, começou como editor e assim, em 2011, teve a experiência de ver o filme que editou, “Lixo Extraordinário” – que teve a participação do artista Vik Muniz -, ser indicado ao Oscar na categoria de Melhor Documentário.

“Essa foi minha primeira experiência com a festa, os diretores (Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim) me levaram para a cerimônia e foi maravilhoso”, conta ele, que editou também “The Square”, indicado em 2014. Em 2017, Kos assinou o roteiro do badalado documentário “Privacidade Hackeada”, que ficou na lista dos 15 pré-selecionados ao Oscar, também como Melhor Documentário.

O carioca revela ainda que apesar de estar há mais de duas décadas fora do Brasil, nunca perdeu o vínculo com o país e que se levar o Oscar, é claro que será um Oscar brasileiro.

“Óbvio! Eu só 1000% brasileiro, coração totalmente brasileiro”, brinca. Mas diz preferir ficar com o pé no chão e colocar à frente seus objetivos mais nobres.

“Tenho muita sorte de fazer o que faço e contar histórias que mostram quem nós somos e onde a gente está. Nesta bolha de prêmios, já passei pelo circuito como editor antes, mas eu acho que é muito importante não se deixar levar, porque é uma bolha e a bolha às vezes estoura. Tento levar com expectativas realistas e se não acontecer, eu fiz um filme que mudou a minha vida, olha que incrível”.

Pedro Kos também tinha um documentário longa-metragem inscrito ao Oscar, mas que não foi pré-selecionado. A produção americana “Rebel Hearts” (Corações Rebeldes em tradução livre, Discovery+), é sobre freiras que enfrentaram o patriarcado da Igreja Católica e lutaram pela igualdade de gênero, na década de 1960, em Hollywood.

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