Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Home Rio Grande do Sul Comissão pesquisará violações de direitos na UFRGS durante o regime militar

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Nesta terça-feira (10), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) oficializa em Porto Alegre a criação de um grupo dedicado à preservação da memória sobre violações de direitos humanos na instituição entre 1964 e 1988, período que abrange as duas décadas de regime militar no País e os primeiros anos do regime democrático ainda sob impacto da ditadura. A cerimônia está marcada para as 10h.

O objetivo é reunir, organizar e disponibilizar registros alusivos ao tema. A equipe recebeu a denominação de “Comissão da Memória e da Verdade Enrique Serra Padrós”, em homenagem a um falecido professor de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas que dedicou sua trajetória acadêmica à pesquisa sobre regimes autoritários na América Latina e lutou pela iniciativa.

Propositalmente escolhida para coincidir com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a solenidade começa às 10h e é aberta ao público. Dentre as presenças confirmadas estão a da reitora Marcia Barbosa e do vice-reitor Pedro Costa, além do procurador regional dos Direitos do Cidadão da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul, Enrico Rodrigues de Freitas.

O colegiado tem coordenação-geral a professora Roberta Camineiro Baggio (Faculdade de Direito) e, como vice-coordenadora, Lorena Holzmann (aposentada do Departamento de Sociologia). Completam a lista de docentes Carla Simone Rodeghero e Regina Célia Lima Xavier (ambas do Departamento de História), Dóris Bittencourt Almeida (Faculdade de Educação) e Cristina Carvalho (aposentada da Escola de Administração).

Também participam os técnicos-administrativos Frederico Bartz (Faculdade de Arquitetura) e Maria Conceição Lopes Fontoura (Faculdade de Educação). A graduanda Letícia Wickert Fernandes (Faculdade de Arquivologia) representa os alunos da Universidade.

Os nove membros representam os três segmentos da comunidade universitária, de acordo com portaria de nomeação assinada durante a cerimônia. A Comissão funcionará de forma vinculada à Reitoria, em espaço próprio e com o apoio de dois bolsistas.

A primeira incumbência é a conclusão do planejamento, a fim de definir cronograma de atividades, que culminará em relatório final a ser apresentado em até dois anos. Além disso, será criado um site com documentos digitalizados.

Após a cerimônia será realizada uma mesa de depoimentos, mediada por Roberta Baggio, tendo como convidados: Carlos Gallo, presidente da Comissão da Verdade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Paulo Tomás Fiori, filho do ex-professor expurgado da UFRGS Ernani Maria Fiori; Suzana Guerra Albornoz, esposa do ex-professor expurgado da UFRGS Ernildo Stein.

Perseguição política

De 1964 a 1969, a UFRGS teve dois processos de expurgo, que resultaram na aposentadoria compulsória ou expulsão de dezenas de professores, estudantes e técnicos. Motivo: perseguição política pela ditadura militar. Roberta esclarece que a Comissão quer criar “um canal de escuta para acessar a história oral desse período.

“Pretendemos fazer uma grande campanha de arrecadação de documentos, assim como sessões públicas de testemunhos e manifestações”, salienta, acrescentando que seus integrantes irão atrás de documentação para tentar montar o quebra-cabeças sobre o modus operandi das violações cometidas na universidade.

(Marcello Campos)

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