Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 30 de agosto de 2023
Em 2017, a gerente de operações Belisa Murta foi surpreendida com um e-mail do Uber avisando que seu endereço eletrônico cadastrado no aplicativo de transportes havia sido alterado. Murta imediatamente informou que ela não havia solicitado a alteração. A empresa não retornou. Em seguida, começaram a aparecer registros de corridas com valores acima de R$ 100, incluindo uma de R$ 500. Com um agravante: as viagens não estavam sendo feitas em Belo Horizonte, onde morava, mas em Moscou, capital da Rússia.
Apesar de o transtorno ter sido bem menor, a gerente de projetos Eloá Neves teve uma experiência similar quando seu perfil da Netflix passou a ser utilizado por alguém fora do País. A moça de São Paulo estranhou quando legendas em árabe começaram a aparecer em filmes e séries que tentava assistir. “Quando fui olhar meus acessos, vi que tinha vários feitos na Tunísia [país no norte da África]”, diz.
Histórias como essas servem para nos lembrar sobre os riscos a que nossos perfis e contas estão sujeitos na internet. Apesar dos potenciais perigos, é mais do que comum que, diante de tantos lugares onde temos de cadastrar esses códigos de acesso, optemos por não dedicar muito esforço a essas práticas, indo pelo caminho mais fácil.
“Antigamente, a senha era coisa de gente com dinheiro, você tinha a senha do seu cofre. Hoje, todo mundo tem que lidar com elas”, brinca o sociólogo Chico Cornejo, que prefere não estimar o número de senhas que mantém.
Há senhas para serviços bancários, contas de e-mail, redes sociais, serviços de streaming, sites do governo, lojas online, aplicativos de transporte, entre outras. O usuário médio tem que lidar com dezenas, até centenas, de palavras-passe para acessar seus muitos perfis e contas.
Para perder menos tempo e auxiliar na memorização, é comum recorrermos a números ou palavras simples, repetições da mesma senha em vários sites diferentes, assim como armazenar os códigos secretos no navegador, manter o aplicativo sempre logado no celular.
De acordo com um relatório preparado pela NordPass, empresa que desenvolve tecnologia de gerenciamento de senhas, as duas senhas mais usadas no Brasil em 2022 foram, em primeiro, “123456”, seguida da palavra “Brasil”. “Existem várias maneiras de decifrar senhas, mas muitas vezes isso não é necessário. A maioria das pessoas coloca senhas muito fáceis”, afirma Yasodara Cordova, pesquisadora-chefe em privacidade na Unico, empresa especializada em software e serviços de segurança. “O público ainda não está bem informado o suficiente para evitar esse tipo de deslize, abrindo a guarda para fraudadores fazerem a festa.”
Se às vezes parece muito difícil não repetir senhas em locais diferentes, Marcos Simplício, professor e pesquisador no Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), recomenda pelo menos que elas não sejam as mesmas no que chama de “lugares críticos e não críticos”. Por exemplo, diz o especialista, a senha do e-mail em que você recupera senhas de outros lugares que esqueceu deve ser única.
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