Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024

Home Curiosidades Como uma carta de Galileu Galilei acabou virando embrulho de mortadela

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A vida apresenta surpresas, mas há poucas como a que o intelectual Giovan Battista Clemente Nelli teve na primavera de 1739.

Há mais de uma versão do que aconteceu, e os detalhes variam. Então vamos nos ater à história contada pelo médico Giovanni Targioni Tozzetti, grande naturalista e cientista de confiança do Grão-Duque da Toscana.

Sua versão apareceu em seu texto Notícias das extensões das ciências físicas produzidas na Toscana ao longo do ano 60 do século 17, publicado em 1780.

“O famoso médico Gio Lami, por hábito, foi jantar em uma de suas vilas, na Osteria del Ponte delle Mosse, com vários amigos. Uma desses amigos era Nelli, mais tarde senador e cavalheiro, e Lami pediu a ele que trouxesse mortadela da loja do Cioci, pois era a melhor de todas”, narra Tozzetti, no texto.

“Ele comprou duas liras de mortadela. Chegando à taberna, pediram um prato para colocar a mortadela. E, nesse momento, o senador Nelli percebeu que o papel usado por Cioci para embrulhar a mortadela era uma carta de Galileu.”

Nelli reconheceu a caligrafia de Galileu Galilei, um dos maiores cientistas da história.

O polêmico herói que, entre outras coisas, transformou lunetas em telescópios, o que lhe permitiu descobrir fatos novos e inimagináveis até então.

Galileu colocou em dúvida a visão do cosmos de Aristóteles, que colocava a Terra como o centro do Universo, aceita como a única verdade pela intelectualidade da época.

Apesar de seu compromisso com a verdade científica, sua defesa do sistema planetário copernicano (tendo o Sol como centro) o colocou em sério conflito com a Igreja Católica.

Um julgamento por heresia e a ameaça de tortura o forçaram a se retratar publicamente, e ele passou o resto de sua vida em prisão domiciliar.

No entanto, nem mesmo a poderosa Inquisição impediu que sua brilhante obra, com suas revelações e conclusões, conseguisse revolucionar o conhecimento. E sobreviver ao tempo.

Hoje, 380 anos após a morte de Galileu, estudiosos ainda podem consultar os tratados da Renascença revisando as ideias que ele escreveu de próprio punho em cadernos, documentos e cartas.

Mas, como Nelli percebeu naquele dia de primavera de Florença, uma parte importante desse legado corria o risco de se perder, e não por causa de qualquer auto-de-fé de qualquer inquisição, mas por puro descaso.

De acordo com Targioni Tozzetti, “o senador Nelli, tendo comprado os manuscritos, reorganizou o material e os estudou. Como ele uma vez teve a gentileza de me dizer, escreveu uma extensa e racional biografia de Galileu e de seus discípulos mais ilustres, para ser impresso junto com muitas de suas obras e cartas póstumas”.

Ele não conseguiu tudo o que queria, mas publicou Vida e Comércio Literário de Galileu em 1793, impresso em Florença, mas indicando falsamente que havia sido em Lausanne, por medo da censura eclesiástica.

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