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Por Redação Rádio Pampa | 29 de agosto de 2022
Você sabia que quando foi oficializada a legislação sobre o cooperativismo no Brasil, em 1938, durante o governo de Getúlio Vargas, a Cotribá já estava em atividade há quase 30 anos? Esse é um dos muitos fatos sobre a história da Cooperativa Agrícola Mista General Osório (Cotribá), que fazem parte do livro “Cotribá 110 anos”. A trajetória da mais antiga cooperativa agropecuária em funcionamento no Brasil é relatada pelo vice-presidente da Cotribá, Enio Cezar Moura do Nascimento, e pela jornalista Marcela Prass Scheffler em uma obra repleta de fotos e informações da época. O lançamento do livro ocorreu nesta segunda-feira (29) na Casa da Cotribá na Expointer, no Parque de Exposições Assis Brasil.
Durante o lançamento, Enio Cezar destacou que o livro retrata um compromisso da cooperativa com as próximas gerações. “Trata-se de um legado transcrito para mostrar que nada se constrói de forma individual ou que ninguém cresce sozinho. Este é um dos principais recados que a obra nos deixa. Tudo que se desenvolve precisa ter continuidade, como mostra nossa própria história através da contribuição de diferentes gerações de cooperados. Que essa união resgatada pelo livro inspire não somente o agronegócio, mas, também, o crescimento da sociedade como um todo.”
Com sede administrativa em Ibirubá (RS), a Cotribá tornou-se referência em cooperativismo e conta hoje com mais de 8.200 associados. O carro-chefe é o recebimento, armazenagem, produção e comercialização de grãos, mas atua em outros segmentos, tais como insumos, fábricas de rações, farmácia veterinária, seção de peças, revenda de combustíveis, supermercados, loja de departamentos e centro comercial. A cooperativa é uma das associadas da CCGL, que tem uma das maiores bacias leiteiras do estado.
O presidente da entidade, Celso Krug, ressaltou que o livro serve de inspiração para os cooperados darem continuidade à história da instituição. “Saber dos 110 anos da Cotribá é fundamental, pois ela começou com poucos produtores, cresceu, foi se desenvolvendo e hoje é um exemplo de cooperativa no Rio Grande do Sul por sua assistência técnica, orientação e tecnologia. Uma história que exige responsabilidade com o produtor e o agronegócio para seguirmos nos próximos 100 anos construindo resultados”, comentou.
A história da Cotribá começou a ser construída em 21 de janeiro de 1911, a partir da iniciativa de um grupo de pessoas que se reuniu para fundar uma entidade cooperativa sob o modelo alemão, com o objetivo de representar os interesses do homem da terra e defender seus direitos. Surgiu, então, Genossenschaft General Osório. General Osório foi uma das primeiras denominações do município de Ibirubá. A Cotribá iniciou atuando na compra e venda de mercadoria excedente e também no beneficiamento e comércio dos produtos agrícolas e oferecia à comunidade gêneros de primeira necessidade. “Na sede da cooperativa, os colonos podiam comercializar o excedente da produção e também adquirir os itens necessários ao trabalho e ao consumo das famílias”, relata um trecho do livro.
Durante a II Guerra Mundial, muitos documentos oficiais da cooperativa precisaram ser eliminados ou escondidos, pois eram redigidos em alemão, e os infratores seriam punidos “com todo o rigor da lei”, como avisavam as autoridades na época. Esse é um dos motivos que fez com que os documentos históricos que comprovam a fundação da Cotribá em 21 de janeiro de 1911 apenas fossem localizados em 2005.
Entre os episódios marcantes da cooperativa registrados no livro está a Assembleia Extraordinária realizada em 11 de setembro de 1968 para ratificação do estatuto alterado em 31 de janeiro de 1968 que modificou os objetivos sociais, voltando ao que era nas décadas anteriores e oficializando a mudança de sua denominação e objetivos. A designação passa de “Cooperativa de Consumo General Osório Ltda.” para “Cooperativa Agrícola Mista General Osório Ltda”, razão social que permanece até hoje. O livro também mostra a evolução da Cotribá no seu apoio aos produtores como o início da assistência técnica em 1970, com a criação da Semana da Produtividade.
A cooperativa desde cedo manifestou sua preocupação com o manejo adequado das lavouras. Na década de 70, os agrônomos da Cotribá posicionaram-se contra a queimada e buscaram apoio das instituições financeiras para condicionar o financiamento das lavouras à “não queima” da palha. O incentivo à implantação da bacia leiteira como mais uma fonte de renda para os agricultores também ganha destaque no livro, que relata o início desse trabalho em 1976, com o engenheiro agrônomo Celso Leomar Krug. No primeiro dia de recolhimento de leite pela Cotribá, a produção foi de 305 litros; hoje, a produção de leite de Ibirubá e Quinze de Novembro é de 280 mil litros diários.
O crescimento da cooperativa levou à necessidade de renovação e modernização. Em 2014, começou a implementar um novo modelo de gestão, baseado na Governança Corporativa, e substituiu o seu sistema de informática, garantindo mais agilidade e confiabilidade às transações do agronegócio. Nessa época também passou a valorizar a diversidade, e o Conselho de Administração normatizou a necessidade de representatividade de mulheres e jovens nos Conselhos Consultivos. Atenta às inovações, no início de 2019, lançou o App Cotribá, disponível para plataformas de smartphones. Com o aplicativo, o produtor rural tem acesso a informações sobre produção entregue, extratos de compras efetuadas e saldos a receber pela comercialização de grãos na cooperativa.
Cotribá hoje, em números
– Mais de 8.200 associados;
– 30 mil clientes no estado;
– 1.300 colaboradores;
– Atuação em 26 municípios da Fronteira Oeste, Sul, Metade Sul e Alto Jacuí;
– Área cultivada de 2 milhões de hectares;
– Mais de 11 milhões de sacas de capacidade estática de armazenagem;
– 2 fábricas de rações;
– 17 farmácias veterinárias;
– 20 lojas de agropecuária e peças para maquinário agrícola;
– 5 postos de combustível, 4 supermercados e 2 lojas de departamento.
No Ar: Pampa Na Tarde