Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024

Home Economia Crédito com garantia de imóvel cresce mais de 70% nos últimos 12 meses

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Empréstimos garantidos – uma modalidade na qual um ativo como um imóvel, carro, celular ou até mesmo um investimento em previdência privada é usado como garantia – têm crescido no Brasil. Popular no exterior, o home equity, que utiliza a casa ou apartamento do tomador como colateral para o financiamento, viu o número de contratações crescer mais de 70% nos últimos 12 meses. Tornou-se uma alternativa para quem busca acesso ao crédito com juros mais baixos e parcelas menores. No terceiro trimestre deste ano, foram R$ 3 bilhões em novas operações.

De acordo com a Associação Brasileira de Instituições de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume emprestado neste ano já atinge R$ 7,95 bilhões até setembro.

“É um produto recente no Brasil. Ainda é baixo, mas vai crescer porque tem uma taxa inferior a qualquer outra linha de crédito e um prazo maior, de até 20 anos”, afirma Sandro Gamba, presidente da Abecip e também diretor de negócios imobiliários do Santander.

Taxas mais baixas

Na Caixa Econômica, que lidera o crédito garantido por imóveis, a taxa parte de 0,9% ao mês. Isso corresponde a um terço da média cobrada pelo empréstimo consignado, que já é uma linha de crédito pessoal com custos mais baixos: 2,94% ao mês, segundo dados da Anefac, uma associação que reúne executivos de finanças. Outros bancos também oferecem taxas iniciais mais baixas do que as do consignado quando o imóvel garante o contrato. No Santander, a partir de 1,05% ao mês. No Itaú, 1,35%, e no C6 Bank, 1,45%.

A maioria dos clientes usa a linha para reorganizar dívidas, ou seja, quitar outros empréstimos mais caros, diz Gamba. Investimentos em pequenos negócios e previdência também estão entre os outros motivos para o empréstimo, segundo o executivo.

Além do imóvel, já é possível oferecer outros ativos e investimentos como garantia para obter taxas de juros mais baixas, como planos de previdência privada. No Brasil, esses planos somam R$ 1,5 trilhão em depósitos, segundo a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

Não há dados consolidados sobre os empréstimos usando esse tipo de colateral, mas a modalidade tem crescido. O Bradesco, por exemplo, diz que alcançou R$ 3 bilhões em desembolsos nesta modalidade só neste ano, um aumento de 54% em relação a 2023. No banco, a modalidade permite crédito com prazo de até seis anos e taxas que partem de 1,19% ao mês.

Automóveis

Automóveis também podem ser usados como garantia. No C6 Bank, os juros para a linha garantida pelo carro do cliente começam em 1,3% ao mês. As operações triplicaram nos primeiros nove meses deste ano em comparação com 2023, segundo o banco digital.

Fabio Zveibil, vice-presidente de Empréstimos Garantidos da fintech Creditas, que também oferece a modalidade, chamada de car equity, afirma que, a princípio, os clientes ficam receosos em colocar um ativo do seu dia a dia como garantia.

“É uma questão de explicar, um trabalho de consultoria, para deixar claro os riscos e as possibilidades”, diz ele, apontando que as condições financeiras são melhores porque o empréstimo pessoal sem garantia tem um risco maior de inadimplência para o banco. “Existem 30 milhões de veículos quitados no Brasil e, ao mesmo tempo, as pessoas estão contraindo créditos mais caros em outros lugares, como empréstimos pessoais e cartões de crédito.”

Celular

Com dispositivos no mercado que ultrapassam os R$ 8 mil, a fintech Juvo viu o uso de smartphones como garantia como uma forma de oferecer empréstimos voltados para as classes C, D e E. O número de operações saltou 154% entre janeiro e agosto deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. O valor médio do empréstimo é em torno de R$ 2 mil.

“Por que não usar esse ativo que está ali, no seu bolso, e que hoje em dia não conseguimos viver sem ele, como uma forma de obter crédito formal? O cliente transfere a propriedade do celular para a Juvo, mas continua com a posse, usando-o normalmente. Quando o empréstimo for quitado, o bem retorna para o cliente”, explica Murilo Menezes, gerente da fintech.

Cuidado

Para a consultora financeira Carol Stange, qualquer tipo de crédito deve ser pensado com muito cuidado na hora da contratação. Ela aponta que envolver um investimento ou ativo em um empréstimo pode comprometer o real objetivo desse bem, como moradia ou aposentadoria.

A especialista recomenda um planejamento rigoroso, com uma análise cuidadosa da viabilidade das parcelas no orçamento familiar ao longo da duração do financiamento. Dessa forma, evita-se a inadimplência e o banco não leva o bem.

Antes de multiplicar o patrimônio, temos que nos preocupar em não perdê-lo. Se não estou bem organizado financeiramente, sei quanto ganho, quanto gasto, se a parcela (do empréstimo) cabe no orçamento ou não, posso colocar o patrimônio em risco.

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