Domingo, 05 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de junho de 2024
Turbinado por campanhas de financiamento com taxas de juros reduzidas, bancadas pelas montadoras, e até juro zero e também pela retomada, em alguns casos, da modalidade “troca com troco”, o volume de novos financiamentos para compra de veículos cresceu 26,8% em valor nos últimos 12 meses até abril, segundo dados do Banco Central (BC).
Essa linha de financiamento ao consumidor, que encerrou abril com R$ 17,670 bilhões no total de novos empréstimos – cifra 69% maior que no mesmo mês de 2023 –, foi uma das que mais avançaram em 12 meses até abril. Perdeu a corrida apenas para o cartão de crédito parcelado (32%).
O ritmo de aprovação de novos créditos para aquisição de veículos em 12 meses até abril também superou de longe o avanço de novos financiamentos com recursos livres liberados para pessoas físicas como um todo, de 10,6%, no período.
Abril foi o melhor mês para a venda de veículos financiados dos últimos dez anos, desde dezembro de 2014. Entre comerciais leves, veículos pesados e motos, novas e usadas, foram vendidas 611 mil unidades por meio de financiamentos. É um volume 45% maior ante abril de 2023.
O segmento que mais puxou o número de unidades financiadas em abril foi o de motocicletas, com crescimento de 47,3% ante abril de 2023, seguido por automóveis leves (42,7%) e veículos pesados (32,5%). No acumulado do ano até abril, as vendas financiadas somaram 2,2 milhões de unidades, com alta de 27% na comparação com igual período de 2023.
Para o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Paulo Noman, o fator que mais tem pesado no aumento dos financiamentos de veículos novos são as campanhas das montadoras, por meio de seus bancos, para oferecer taxas de juros mais vantajosas.
“Quase todos os bancos cativos fizeram campanhas com taxas de juros subsidiadas pelas montadoras, o que tornou o financiamento mais atrativo para o cliente”, observa. Os juros dos financiamentos, que estavam na casa de 20% ao ano, hoje caíram para 10% ao ano, porque a montadora pagou a outra metade, acrescenta.
Também os planos com taxa zero disponíveis no mercado e bancados pelas montadoras para escoar os estoques ajudaram a impulsionar a venda a prazo. Neste caso, o valor exigido na entrada é maior e o número de parcelas é menor em relação a um financiamento com juros.
Fatores
Além da queda dos juros dos financiamentos veículos, que, segundo dados do BC, foi de três de pontos porcentuais nos últimos 12 meses – de 28,5% ao ano em abril de 2023 para 25,5% ao ano em abril de 2024 – e que se refletiu nos planos subsidiados das montadoras, criando a demanda, há outros fatores que têm ajudado no avanço das vendas a prazo de veículos.
Um deles é a procura reprimida pela compra de veículos que agora está vindo à tona, segundo o presidente da Anef. Em razão da pandemia, por um longo período a oferta de carro zero ficou prejudicada pela falta de componentes.
Outro fator apontado por Noman para o avanço do volume de financiamentos é a melhora do risco de crédito, com a reestruturação de dívidas, diminuição da inadimplência e avanço do nível de emprego.
Além da queda dos juros, o economista Caio Napoleão acrescenta outra razão para o avanço do volume de financiamento: a descompressão de preços dos veículos. Na saída da pandemia, a falta de componentes turbinou os preços dos carros novos e, por tabela, dos usados.
Segundo dados Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial da inflação, esse movimento vem perdendo força. Em 12 meses até abril, o preço do carro novo subiu 1,18%, bem abaixo do IPCA cheio do período, que foi de 3,69%. No caso do carro usado, houve até deflação de 4,87%, na mesma base de comparação. “Inflação baixa e queda nos juros é a combinação para puxar vendas financiadas”, diz o economista.
No Ar: Pampa Na Madrugada