Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 29 de março de 2023
Se o mundo acabasse agora, o que aconteceria com todas as músicas já gravadas no planeta? Uma empresa norueguesa se fez essa pergunta e resolveu arrumar uma solução. Segundo informações do “Independent”, a ideia é guardá-las em uma espécie de cofre na própria natureza, fato que já foi feito com outros elementos históricos.
Onde fica o cofre?
Entre a Noruega e o Pólo Norte fica Svalbard, uma mancha rochosa onde formou-se uma espécie de depósito natural por trás das montanhas de gelo, o mais famoso é o Global Seed Vault. Lá, estão guardadas milhões de amostras de sementes provenientes de quase todos os países do mundo. Já o Arctic World Archive, armazena documentos históricos e culturais, incluindo o manuscrito original da Divina Comédia de Dante, digitalizações 3D do mausoléu Taj Mahal e muito mais em rolos de filme especialmente tratados, todos trancados atrás de portas de aço. A ideia é que as músicas fiquem nesses cofres da região também, chamado Global Music Vault.
Da onde surgiu a ideia?
Em entrevista ao “Independent”, um dos idealizadores do projeto, Luke Jenkinson, disse que soube dos outros cofres e logo pensou em como armazenar “toda essa música que nos moldou por séculos”. A ideia passou a ganhar mais força e forma quando, em 2019, a The New York Times Magazine revelou que um incêndio no Universal Studios 10 anos antes destruiu até 175 mil fitas master pertencentes ao Universal Music Group – e depois foi encoberto. “Nosso trabalho é educar a indústria da música de que isso não é algo bom de se ter. Isto é obrigatório”, diz Jenkinson.
Outros eventos também aceleraram as preocupações. Jenkinson aponta para a situação dos músicos que fogem do Afeganistão após a aquisição do Talibã em 2021 como outro exemplo que atesta a fragilidade dos ecossistemas musicais vivos e como as guerras, juntamente com acidentes e desastres naturais, podem acabar com gerações de herança cultural acumulada.
Como serão armazenadas?
A empresa tem o que Jenkinson descreve como uma “parceria” com a Microsoft para usar a tecnologia emergente do “Project Silica”. Este promete armazenamento que dura “dezenas a centenas de milhares de anos”, com informações cortadas a laser em quadrados de vidro de quartzo do tamanho de caixas de CD.
O que vai entrar no cofre?
O primeiro depósito no cofre deve ser feito ainda este ano, com contribuições dos Arquivos de Música Ketebul do Quênia, da Orquestra de Instrumentos Indígenas e Novas Tecnologias e do Coro Fayha do Líbano. Jenkinson quer que o GMV seja definido por uma abordagem aberta e abrangente. “No momento, essas pessoas que se sentam em bibliotecas e funções de arquivo, são elas que decidem, você sabe, o que é importante e o que não é – e isso normalmente ocorre no momento ou depois do que aconteceu”, diz ele. “A indústria da música tem a chance de remover essas barreiras de descobrir o que devemos arquivar, quando, essencialmente, você pode arquivar tudo.” Por enquanto, o projeto está no que Jenkinson chama de “fase de fornecimento”, ele diz, “estamos apenas chamando o mundo inteiro, dizendo: ‘Encontre sua música mais valiosa e comece a digitalizá-la conosco’”.
Será gratuito?
O Global Music Vault (GMV) também é uma aposta comercial. Jenkinson é diretor administrativo do Elire Group, uma empresa de capital de risco que está financiando o projeto GMV na esperança de transformá-lo em uma operação lucrativa nos próximos cinco a 10 anos.
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