Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2025

Home Política Criticada dentro e fora do governo, Janja vira alvo da oposição; entenda

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Diante da queda de popularidade enfrentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste terceiro mandato, adversários do petista aumentaram a carga sobre a atuação da primeira-dama Janja da Silva, que é vista até por interlocutores do Palácio do Planalto como uma das responsáveis por ampliar desgastes da atual gestão.

Nas últimas semanas, Janja se tornou alvo de críticas dentro e fora do governo por episódios que vão desde a falta de transparência em sua agenda até a participação nas redes sociais. O caso mais recente de repercussão negativa foi o spoiler que, por descuido, ela deu em seu perfil da sigilosa águia da Portela ao visitar o barracão da escola de samba carioca. A publicação foi retirada do ar após a reprovação de internautas.

A consequência da elevação das cobranças já aparece refletida em pesquisas. Segundo levantamento da AtlasIntel/Bloomberg divulgado na semana passada, 58% dos brasileiros têm uma imagem negativa da primeira-dama, aumento expressivo em relação aos 40% registrados em outubro. Publicações nas redes também dão um termômetro da imagem arranhada.

De acordo com análise da consultoria Bites, 53,4% das 704 mil menções a Janja desde 1º de janeiro foram negativas, enquanto 14,4% foram positivas e 32,2%, neutras. O mapeamento inclui o X, Instagram, Reddit, YouTube e Facebook.

A publicação recente mencionando a primeira-dama que obteve maior alcance partiu do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), no último dia 12, e acumulou 32 milhões de visualizações. Em vídeo nas redes sociais, em tom jocoso, o parlamentar simula estar trabalhando em um escritório para sustentar “duas pessoas” e, ao olhar o celular, a imagem de Lula e Janja é exibida.

A postagem faz eco a uma mobilização da oposição bolsonarista para questionar gastos institucionais da primeira-dama. Somente no último mês, parlamentares acionaram o Ministério Público Federal (MPF) em quatro ocasiões, questionando despesas gerais e temas mais específicos, como a recente viagem de Janja a um evento em Roma ao lado do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), além de apontarem falta de transparência na agenda.

Há também uma ação movida pelo vereador de Curitiba Guilherme Kilter (Novo), alegando que a primeira-dama viola princípios da administração pública ao manter uma estrutura com 12 assessores no Palácio do Planalto e por já ter gastado R$ 1,2 milhão em viagens.

Segundo o cientista político Marco Antônio Teixeira, da FGV EASP, o desconforto governista tem como pano de fundo uma comparação com a postura mais discreta de Marisa Letícia, mulher do presidente em seus dois mandatos anteriores e que morreu em 2017.

“Janja assumiu um protagonismo desde quando ainda era namorada do presidente, quando ele estava preso. É natural que as críticas venham como um custo de assumir essa posição”, disse.

O desgaste da primeira-dama também reverbera entre os evangélicos, um dos pilares do bolsonarismo. Nos grupos de mensagens das igrejas monitorados pelo Coletivo Bereira, agência de fact-checking voltada ao meio protestante, cerca de 20% das críticas dirigidas a Lula mencionam Janja.

“As críticas a Janja são permanentes, mas se intensificaram com a queda na avaliação do governo. As mensagens usualmente exaltam Michelle como sucessora de Bolsonaro. Ela é tida como o modelo de mulher por ser evangélica e supostamente se comportar como deveria”, diz a editora-geral, Magali Cunha.

As críticas a Janja não se restringem à oposição. Internamente, a postura tem gerado incômodo dentro do governo. Segundo relatos, Janja costuma participar ativamente das reuniões realizadas no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e opina sobre questões estratégicas. Na semana passada, a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, informou que, para evitar desgastes, Lula passou a restringir a presença da primeira-dama em certos encontros.

No sábado, durante a celebração dos 45 anos do PT, no Rio, Lula defendeu a primeira-dama das críticas e disse que ela tem liberdade para atuar politicamente. O presidente afirmou que, em sua casa, sempre houve espaço para diálogo político, tanto com Janja quanto com Dona Marisa.

Dois dias antes, em entrevista à Rádio Tupi, o presidente já tinha saído em defesa da mulher pelas mesmas razões: “Eu acho graça quando falam que a Janja dá palpite no meu governo, porque ela dá mesmo. Janja cuida de mim de uma forma muito especial”.

Com a chegada do marqueteiro Sidônio Palmeira à Secretaria de Comunicação (Secom), parte da equipe ligada a Janja foi demitida ou realocada para os gabinetes dela e do presidente. Desde então, a estratégia digital de Janja também mudou. Suas redes, antes focadas em viagens e agendas institucionais, passaram a priorizar conteúdos mais descontraídos sobre a rotina do casal presidencial. A transição, no entanto, não foi bem recebida por aliados em meio a crises do governo. As informações são do portal de notícias O Globo.

 

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